O escritor paranaense alude, nesta sua balada, ao enredo do livro “Wuthering
Heights”, da novelista inglesa. Afirma-se que ele teria sido um dos primeiros
autores a verter o título ao português, no formato como hoje o vemos no Brasil:
“O morro dos ventos uivantes”. Em Portugal, o título mais corriqueiramente
encontrado para a mesma obra é “O monte dos vendavais”.
Silveira deixa-se impregnar pelo contexto do romance – obscuro,
passional, vingativo, diabólico –, cuja história, de certo matiz gótico, se
passa numa casa exposta ao mau tempo, metáfora aberta de destrutivas manifestações de desapreço.
J.A.R. – H.C.
Tasso Azevedo da Silveira
(1895-1968)
Balada de Emily Brontë
No morro do Vento
Uivante
o vento passa
uivando, uivando...
No Morro do Vento
Uivante
há um velho casarão
sombrio
cheio de salas vazias
e corredores vazios...
A noite toda uma
porta
geme agoniadamente.
Pelas vidraças
partidas
silvam longos
assovios,
no ar de abandono e
de medo
passam bruscos
arrepios...
No Morro do Vento
Uivante
o vento passa...
Emily Brontë
não pares a história...
Conta!
conta, conta, conta,
conta!
Dá-me outra vez
aquele medo
que encheu minha
infância morta
de sonhos e de
arrepios...
No Morro do Vento
Uivante
Depois que os anos
passaram
como ficaram meus
dias
vazios... vazios...
Em: “Cidade Criança”
O Morro dos Ventos Uivantes
(Dan Scurtu: artista
romeno)
Referência:
SILVEIRA, Tasso da. Balada de Emily
Brontë. In: __________. As imagens
acesas: poemas 1924-1927. Rio de Janeiro: Edição do Anuário do Brasil, out.
1928. p. 75-76.
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