Um poema que retrata a dura realidade dos escravos que, de uma hora para
outra, foram libertados por um dispositivo legal, mas sem qualquer meio para se
manterem, de fato, livres, como cidadãos íntegros, capazes de viver uma vida no
sentido mais genuíno da palavra.
Uma realidade que também foi a brasileira, de tal forma que até hoje se
veem os efeitos da pobreza muito mais acentuados no componente negro da
população, em combinação com a discriminação que lhe é direcionada pelo grupo mais
aquinhoado.
Oppenheim vai mais além, quando alude a um tipo de escravidão que não é só
física, mas sobretudo mental: somos fisicamente livres, mas mentalmente
escravizados! E muito mais escravos somos quanto menos somos capazes de dar
rumo independente em nossas vidas!
J.A.R. – H.C.
James Oppenheim
(1882-1932)
The Slave
They set the slave free, striking off his chains...
Then he was as much of a slave as ever.
He was still chained to servility,
He was still manacled to indolence and sloth,
He was still bound by fear and superstition,
By ignorance, suspicion, and savagery...
His slavery was not in the chains,
But in himself....
They can only set free men free...
And there is no need of that:
Free men set themselves free.
O Senhor é o meu Pastor
(Eastman Johnson: pintor norte-americano)
O Escravo
Libertaram o escravo
quebrando-lhes as correntes
E ele ficou mais
escravo do que nunca.
Trazia consigo os
ferros do servilismo,
As algemas da
indolência e da preguiça,
as cadeias do temor e
da superstição,
da ignorância, da
desconfiança, da barbárie...
Sua escravidão não
estava nas correntes,
mas nele próprio.
Somente os homens
livres se libertam...
E nem isso é
necessário:
Os homens livres
libertam-se sozinhos.
Referências:
Em Inglês
OPPENHEIM, James. The slave. In: UNTERMEYER, Louis (Ed.). Modern american poetry and modern british poetry. Combined
Mid-Century Edition. New York, NY: Harcourt, Brace and Company, 1950. 1st section: p. 298.
Em Português
OPPENHEIM, James. O escravo. Tradução de Sérgio Milliet. In: MILLIET,
Sérgio (Seleção e Notas). Obras-primas
da poesia universal. 3. ed. São Paulo,
SP: Livraria Martins Editora, 1957. p. 273.
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