Como o leitor do bloguinho já pode ter percebido, os poemas de Cummings
são permeados por frases familiares, revertidas ou tomadas pelo fim: nomes,
substantivos, verbos, adjetivos e advérbios são livremente intercambiados, tudo
pontuado de forma criativa, com inusitadas quebras de linhas e fraseado invulgar,
para que as ideias quotidianas possam ser percebidas por uma nova luz ou por
inauditas perspectivas.
Imbricado na supramencionada técnica de Cummings, o poema ora postado
abraça a ideia de um amor tão erótico quanto espiritual, a hipótese do sonho
como verdadeira realidade, de sorte que, partindo da metáfora carnal,
transcenda-se ao mundo evanescente do espírito.
J.A.R. – H.C.
E. E. Cumming
(1894-1962)
love is the
every only god
who spoke this earth so glad and big
even a thing all small and sad
man, may his mighty briefness dig
for love beginning means return
seas who could sing so deep and strong
one querying wave will whitely yearn
from each last shore and home come young
so truly perfectly the skies
by merciful love whispered were,
completes its brightness with your eyes
any illimitable star
In: “50 Poems” (1940)
Sonho Azul
(Cebarre: artista
francês)
o amor é de todos o único deus
quem descreveu esta
terra tão vasta e festiva
mesmo sendo coisa de
todo pequena e triste
homem, tenta perscrutar
a sua intensa brevidade
pois o começo do amor
significa retorno
mares capazes de
cantar tão profunda e fortemente
uma inquiridora onda suspirará
brancamente
de cada derradeira praia
e o lar se torna jovem
tão verdadeira e
perfeitamente estavam
os céus sussurrando
pelo compassivo amor,
que completa o seu
brilho com os teus olhos
cada ilimitada
estrela
Em: “50 Poemas” (1940)
Referência:
CUMMINGS, E. E. love is the every only god. In: __________. Complete
poems: 1904-1962. Edited by George James Firmage. New York, NY:
Liveright Publishing Corporation, 1991. p. 526.
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