A firmar conexões entre os instrumentos musicais abandonados num campo e
as partes de seus próprios sentimentos, o poeta resgata os ecos que precedem um
estado de espiritualidade alerta, a reforçar a pura conversão de sua vida em
arte.
A própria tangibilidade das coisas deste mundo aparenta ser mais remota,
quando então ela se faz presente, mas agora já de um modo alterado, ou melhor,
tranquilo e incorpóreo, já agora quase místico.
J.A.R. – H.C.
Tom Clark
(n. 1941)
Like musical
instruments...
Like musical instruments
Abandoned in a field
The parts of your feelings
Are starting to know a quiet
The pure conversion of your
Life into art seems destined
Never to occur
You don’t mind
You feel spiritual and alert
As the air must feel
Turning into sky aloft and blue
You feel like
You’ll never feel like touching anything or anyone
Again
And then you do
(1969)
Guitarra Azul e Baixo Vermelho
(Lena Karpinsky:
artista canadense)
Como instrumentos musicais...
Como instrumentos
musicais
Abandonados no campo
As partes de teus
sentimentos
Dispõem-se a conhecer
uma quietude
A pura conversão de
tua
Vida em arte parece
destinada
A não suceder nunca
Não te importas
Sentes-te espiritual
e alerta
Como deve sentir-se o
ar
Ao girar no alto céu
azul
Percebes que
Nunca vivenciarás
como tocar algo ou alguém
Mais uma vez
E então o fazes
Referência:
CLARK, Tom. Like musical instruments... In: HOOVER, Paul (Ed.). A postmodern american poetry: a norton
anthology. New York, NY: W. W. Norton & Company Inc., 1994. p. 395.
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