Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Antonio Fernando De Franceschi - Gato

O poeta paulista De Franceschi atém-se, aparentemente, a descrever neste poema um infante como que a desenhar um gato, ou melhor, uma gata, à véspera do salto.

O animal é cheio de listas, como a zebra. Mas decifra-me o leitor quando o poeta afirma que o bichano é trívio como qualquer gato! Seria porque o gato segue três caminhos em um? (rs).

J.A.R. – H.C.

Antônio Fernando De Franceschi, superintendente-executivo do Instituto Moreira Saltes, diretor editorial dos Cadernos de Literatura Brasileira, autor dos livros de poesia Tarde revelada, Brasiliense, 1985 (prêmio Jabuti 1986); Caminho das águas, Brasiliense, 1987 (prêmio APCA 1987 e prêmio Jabuti 1988); Sal, Companhia das Letras, 1989 (prêmio Cassiano Ricardo 1990); A olho nu, Companhia das Letras, 1993; e Cinco formas clássicas, BEĨ Comunicação, 2002 (GULLAR et al., 2003, p. 118)

Antonio F. De Franceschi
(n. 1942)

Gato

rasante zoom à risca:
decifro um gato
sob as unhas do menino
prévio ao meu temor:
movo-me entre as raias
com cuidado
evito o negro
onde me perco:
não toco o tigrado dorso
nem o riso convexo
olho:
desdobro um tanto a memória
que rumina: mão infante
o pintou zebrino
em véspera de pulo:
angulo o quadro dos bigodes
que sobram sobre as tetas
pois é fêmea
e trívio
como qualquer gato
mas esse exato
moveu geleiras

Gato Listrado e Pássaro à Noite
(Autoria Desconhecida)

Referência:

DE FRANCESCHI, Antonio Fernando. Gato. In: GULLAR, Ferreira et al. Boa companhia: poesia. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2003. p.  117.
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