O poeta paulista De Franceschi atém-se, aparentemente, a descrever neste
poema um infante como que a desenhar um gato, ou melhor, uma gata, à véspera do
salto.
O animal é cheio de listas, como a zebra. Mas decifra-me o leitor quando
o poeta afirma que o bichano é trívio como qualquer gato! Seria porque o gato segue
três caminhos em um? (rs).
J.A.R. – H.C.
Antônio Fernando De
Franceschi, superintendente-executivo do Instituto Moreira Saltes, diretor
editorial dos Cadernos de Literatura
Brasileira, autor dos livros de poesia Tarde
revelada, Brasiliense, 1985 (prêmio Jabuti 1986); Caminho das águas, Brasiliense, 1987 (prêmio APCA 1987 e prêmio
Jabuti 1988); Sal, Companhia das
Letras, 1989 (prêmio Cassiano Ricardo 1990); A olho nu, Companhia das Letras, 1993; e Cinco formas clássicas, BEĨ Comunicação, 2002 (GULLAR et al.,
2003, p. 118)
Antonio F. De Franceschi
(n. 1942)
Gato
rasante zoom à risca:
decifro um gato
sob as unhas do
menino
prévio ao meu temor:
movo-me entre as
raias
com cuidado
evito o negro
onde me perco:
não toco o tigrado
dorso
nem o riso convexo
olho:
desdobro um tanto a
memória
que rumina: mão
infante
o pintou zebrino
em véspera de pulo:
angulo o quadro dos
bigodes
que sobram sobre as
tetas
pois é fêmea
e trívio
como qualquer gato
mas esse exato
moveu geleiras
Gato Listrado e Pássaro à Noite
(Autoria
Desconhecida)
Referência:
DE FRANCESCHI, Antonio Fernando. Gato. In: GULLAR, Ferreira et al. Boa companhia: poesia. São Paulo, SP:
Companhia das Letras, 2003. p. 117.
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