A atriz Bruna Lombardi, linda que só ela, também distribui beleza sob a
forma de poesia, poesia que ela enxerga em todas as coisas que lhe surgem aos
olhos, desde um cão sarnento, até o estado mais ou menos natural de homens e
mulheres.
Tudo o que se renova sobre a face da Terra é capaz de emocioná-la, e
para cada coisa há uma busca apaixonada de compreensão, até o ponto em que venha
a se converter em expressão verbal, em prazeroso canto.
J.A.R. – H.C.
Bruna Lombardi
(n. 1952)
Sagração
(LOMBARDI, 1984, p.
95)
Canto tudo o que tem
vida no planeta
pedra planta caracol
os gatos mais pobres
da rua
os cães mais
sarnentos
canto a doçura dos homens
e a solidez das
mulheres
− as mães do mundo −
canto com prazer
o duro exercício de
viver
e sei que há Deus e
sei que há
em nós toda resposta
canto a cada manhã
tudo o que se renova
com os olhos
brilhantemente úmidos
de tentar compreender
todas as coisas.
A Dança dos Aldeões
(Peter Paul Rubens:
pintor flamengo)
Referência:
LOMBARDI, Bruna. O perigo do dragão. São Paulo, SP: Círculo do Livro, 1984.
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