Em matéria de “pornopoética”, os “Sonetos Luxuriosos”, do italiano
Pietro Aretino, estão sem dúvida entre as obras máximas da literatura universal,
um clássico. E entre os 26 sonetos que compõem a obra, selecionamos o de número
5 (V), exatamente por ser o mais contundente, explícito e impudente de todos.
A voz poética se altera das duas primeiras quadras – explicitamente
feminina –, para os dois tercetos – agora masculina –, retornado à fala da dama
no fecho. Em suma: um diálogo picante no decurso da transa, para acirrar o “ardor”
do sexo...
J.A.R. – H.C.
Pietro Aretino
(1492-1556)
(V)
Mettimi un dito in cul, caro vecchione,
E spinge il cazzo
dentro a poco a poco;
Alza ben questa gamba
a far buon gioco,
Poi mena senza far
reputazione.
Che, per mia fé! quest’è il miglior boccone
Che mangiar il pan
unto appresso al foco;
E s’in potta ti
spiace, muta luoco,
Ch’uomo non è chi non
è buggiarone.
– In potta io v’el farò per questa fiata,
In cul quest’altra, e
in potta e in culo il cazzo
Mi farà lieto, e voi
farà beata.
E chi vuol esser gran maestro è pazzo
Ch’è proprio un uccel
perde giornata,
Chi d’altro che di
fotter ha sollazzo.
E crepi in un palazzo,
Ser cortigiano, e
spetti ch’il tal muoja:
Ch’io per me spero
sol trarmi la foja.
(V)
Põe-me um dedo no cu, velho pimpão,
Mete-lhe dentro o
pau, mas sem afogo;
Levanta bem a perna,
faz bom jogo,
Depois mexe, mas sem
repetição.
Por minha fé, isto é melhor ração
Do que pão com alho e
óleo junto ao fogo;
Se a cona te desgosta,
muda logo.
Há homem que não seja
um mau vilão?
Na cona hei de foder-te boa data
De vezes, pois em
cona ou cu entrando,
O pau faz-me feliz e
a ti beata.
Quem quer ser mestre é louco e é tolo quando
Por alheios prazeres
malbarata
O tempo em que devia
estar trepando.
Pois finda-te, esperando
Num palácio, que o
tal morra, senhor
Cortesão, que eu
sacio meu ardor.
Referência:
ARETINO, Pietro. Mettimi un dito in
cul, caro vecchione / Põe-me um dedo no cu, velho pimpão. In: __________. Sonetos luxuriosos. Edição Bilíngue.
Tradução, nota biográfica, ensaio crítico e notas de José Paulo Paes. São
Paulo, SP: Companhia das Letras, 2011. p. 58 (em italiano); p. 59 (em
português). (Coleção ‘Má Companhia’)
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