Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Emily Dickinson - A esperança é coisa com plumas

Com aquela sua costumeira forma de grafar as poesias – nas quais o único meio de pontuação empregado consiste em pródigos travessões, singular forma de forçar o leitor a pausas mais pronunciadas –, a poetisa norte-americana Emily Dickinson, no poema nº 254, datado de 1861, nos brinda com uma síntese do que seja a “esperança”.

Num estilo notoriamente homilético, o poema metaforiza a esperança na figura de um “pequeno pássaro”, que fica a mercê das borrascas da vida. E é o seu canto melodioso que nos “mantém aquecidos” ante os nossos mais comezinhos infortúnios, o nome explícito para as tempestades a que se refere a autora.

J.A.R. – H.C.

Emily Dickinson
(1830-1886)

“Hope” is the thing with feathers

“Hope” is the thing with feathers −
That perches In the soul −
And sings the tune Without the words −
And never stops − at all −

And sweetest − in the Gale − is heard −
And sore must be the storm −
That could abash the little Bird
That kept so many warm −

I’ve heard it in the chillest land
And on the strangest Sea −
Yet, never, in Extremity,
It asked a crumb − of Me.

Esperança
Elzbieta Mozyro: artista polonesa

A esperança é coisa com plumas

A esperança é coisa com plumas
Que pousa na alma,
Entoa melodias sem palavras,
E não se detém por nada,

Ressoando ainda mais doce no vendaval.
Agitada há de ser a tormenta
Capaz de abater o pequeno pássaro
Que mantém aquecidos a muitos.

Tenho-o escutado na terra mais gélida
E no mais estranho mar;
Mas jamais, mesmo no infortúnio,
Arriscou-se a pedir-me uma só migalha.

Referência:

DICKINSON, Emily. “Hope” is the thing with feathers. In: __________. The complete poems of Emily Dickinson. Edited by Thomas H. Johnson. Boston, MA: Little, Brown and Company, 1960. p. 116.

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