Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 22 de abril de 2015

E. E. Cummings - Doce e Espontânea Terra

Num belíssimo poema, em que toma a Terra como objeto maior da Filosofia, da Ciência e da Religião, o poeta norte-americano E. E. Cummings parece abraçar a causa dos que propugnam a necessidade de mantê-la saudável para a geração presente e as futuras.

A transcrição do poema que abaixo apresentamos é tal e qual como se encontra na coletânea de seus poemas reunidos, mencionada no campo de referência: a pontuação é meio iconoclasta, não seguindo os padrões tradicionais.

Para facilitar a leitura, dispusemos livremente nossa versão em português, de modo a facilitar a leitura e o entendimento dos internautas. Julgamos que, desse modo, não estejamos desfigurando a mensagem maior do autor, um libelo voltado a todos aqueles que amam de paixão este insuspeitado cantinho do universo.

J.A.R. – H.C.

E. E. Cummings
(1894-1962)

O sweet spontaneous earth

O sweet spontaneous
earth how often have
the
doting

fingers of
prurient philosophers pinched
and
poked

thee
, has the naughty thumb
of science prodded
thy
beauty   .how

often have religions taken
thee upon their scraggy knees
squeezing and

buffeting thee that thou mightest conceive
gods
(but
true

to the incomparable
couch of death thy
rhythmic
lover

thou answerest

them only with
spring)

Paz na Terra
Stan Wisniewski: artista norte-americano

Ó doce e espontânea terra

Ó doce e espontânea Terra,
quantas vezes os afetuosos e
lascivos dedos dos filósofos
te beliscaram e apalparam,
o polegar travesso da ciência
instigou tua beleza.
Quantas vezes as religiões te
dispuseram entre os descarnados joelhos,
apertando-te e
açoitando-te para que
concebesses deuses.
(mas fiel ao leito
incomparável da morte,
tua amante rítmica,
tu só lhes
respondes com
a primavera).

Referência:

CUMMINGS, E. E. O sweet spontaneous earth. In: __________. Complete poems: 1904-1962. Revised, corrected and expanded edition containing all the published poetry. Edited by George J. Firmage. 7. ed. New York, NY: Liveright, 1991. p. 58.

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