Até para fazer um poeminha gracioso sobre a arte de fazer versos... há
de se ter talento. A receita para “poetizar” parece simples, mas são apenas os
nossos sentidos – a apurar com o correr dos anos – que percebem se uma criação
tem ou não méritos.
Nem arte demoníaca, tampouco bruxaria: a poética prescinde de regras
muito fixas, qualquer modo é modo para se dizer algo, mas o substrato do belo
remanesce – ou não – a cada vez que se lê ou escuta algo com pretensões
artísticas.
A poesia tem seus mistérios, por conseguinte!
J.A.R. – H.C.
Ricardo Palma
(Poeta Peruano: 1833-1919)
La Poesía
¿Es arte del demonio o
brujería
Esto de escribir
versos? – le decía,
No se si a Campomar o
a Víctor Hugo
Un mozo de chirumen muy sin jugo.
Enséñame maestro, a hacer
siquiera
Una oda chapucera.
“Es preciso no estar
en sus cabales,
Para que un hombre
aspire a ser poeta,
Pero en fin, es
sencilla la receta.
Forme usted líneas de
medidas iguales
Luego en fila las
junta
Poniendo consonantes
en la punta”.
− ¿Y en el medio? − “¿En el medio?
¡Ese es el cuento!
Hay que poner
talento”.
Lendo Poesia
(Irene Sherí: artista
ucraniana)
A Poesia
É coisa do demônio ou
bruxaria
a arte de escrever
versos? – perguntava-lhe,
não sei se a Campomar ou a Victor
Hugo,
um moço sem muito
discernimento.
– Ensina-me, mestre,
a fazer pelo menos
uma ode trivial.
“É preciso muito
nonsense,
para que um homem
aspire a ser poeta,
mas, enfim, a receita
é bem simples:
Forme você linhas de
igual medida,
junte-as depois em
fila,
inserindo rimas nas
pontas”.
– E no meio? “No
meio?
Essa é a questão!
Há de ser pôr talento”.
Referência:
PALMA, Ricardo. La poesía. In: ARDUZ,
J. C. Iván Canelas (Ed.). Antología de
la poesía universal. Tomo III. América 2. Oruro, BO: Latinas, 1996. p.
185-186.
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