Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 5 de abril de 2015

Ricardo Palma - A Poesia

Até para fazer um poeminha gracioso sobre a arte de fazer versos... há de se ter talento. A receita para “poetizar” parece simples, mas são apenas os nossos sentidos – a apurar com o correr dos anos – que percebem se uma criação tem ou não méritos.

Nem arte demoníaca, tampouco bruxaria: a poética prescinde de regras muito fixas, qualquer modo é modo para se dizer algo, mas o substrato do belo remanesce – ou não – a cada vez que se lê ou escuta algo com pretensões artísticas.

A poesia tem seus mistérios, por conseguinte!

J.A.R. – H.C.

Ricardo Palma
(Poeta Peruano: 1833-1919)

La Poesía

¿Es arte del demonio o brujería
Esto de escribir versos? – le decía,
No se si a Campomar o a Víctor Hugo
Un mozo de chirumen muy sin jugo.

Enséñame maestro, a hacer siquiera
Una oda chapucera.

“Es preciso no estar en sus cabales,
Para que un hombre aspire a ser poeta,
Pero en fin, es sencilla la receta.

Forme usted líneas de medidas iguales
Luego en fila las junta
Poniendo consonantes en la punta”.

¿Y en el medio? − “¿En el medio?
¡Ese es el cuento!
Hay que poner talento”.

Lendo Poesia
(Irene Sherí: artista ucraniana)

A Poesia

É coisa do demônio ou bruxaria
a arte de escrever versos?  perguntava-lhe,
não sei se a Campomar ou a Victor Hugo,
um moço sem muito discernimento.

– Ensina-me, mestre, a fazer pelo menos
uma ode trivial.

“É preciso muito nonsense,
para que um homem aspire a ser poeta,
mas, enfim, a receita é bem simples:

Forme você linhas de igual medida,
junte-as depois em fila,
inserindo rimas nas pontas”.

– E no meio? “No meio?
Essa é a questão!
Há de ser pôr talento”.

Referência:

PALMA, Ricardo. La poesía. In: ARDUZ, J. C. Iván Canelas (Ed.). Antología de la poesía universal. Tomo III. América 2. Oruro, BO: Latinas, 1996. p. 185-186.

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