Com uma temática dessa monta, óbvio está que não se poderia passar sem
uma criação de Bocage, um “dedicado putanheiro”. E no poema selecionado, ele se
põe a falar de um varão membrudo, Ferrabrás, que por tal motivo, não se expõe aos convites para colher os prazeres do leito – muito certamente porque mulher
alguma o aguentaria –, restando-lhe apenas a curiosidade da “apreciação”
alheia.
Um membro desse tamanho, uma “espada” se considerarmos a metáfora de
Bocage, seria capaz de pôr em paz toda a Europa que, porventura, estivesse
amotinada. É brincadeira?! Esse comentário faz crer que a “estrovenga” do
homem, de fato, seria coisa de amedrontar quem se atrevesse a encará-lo! ‘Pax aeterna’! (rs).
J.A.R. – H.C.
M. M. de Barbosa du Bocage
(1765-1805)
Esse disforme e rígido porraz
Esse disforme e
rígido porraz
Do semblante me faz
perder a cor;
E assombrado d’espanto
e de terror
Dar mais de cinco
passos para trás:
A espada do membrudo
Ferrabrás
Decerto não metia
mais horror:
Esse membro é capaz
até de pôr
A amotinada Europa
toda em paz:
Creio que nas fodais
recreações
Não te hão de a rija
máquina sofrer
Os mais corridos,
sórdidos cações:
De Vênus não desfrutas
o prazer:
Que esse monstro, que
alojas nos calções,
É porra para mostrar,
não de foder.
Referência:
DU BOCAGE, M. M. de Barbosa. Esse
disforme e rígido porraz. In: __________. Poesias
eróticas, burlescas e satíricas. Não compreendidas na edição que das obras
deste poeta se publicou em Lisboa no ano de 1853. Bruxelas, BE: [s.n.], 1860. p.
113.
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