Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Heinrich Heine - Cuide-se, amigo meu

Eis um soneto exemplar, do poeta romântico alemão Heinrich Heine, que faz alusão à dicotomia “mulher e gata”, tal como neste outro poema, do francês Paul Verlaine.

 

Heine parece mesmo apaixonado pela sua “gatinha”, que lhe torna o coração exangue. Mas é exatamente essa a chama do desejo: beijando-lhe as delicadas “patas” e expondo o flanco aos dardos acutilantes de Cupido.

 

Assim se “morre” de amor!

 

J.A.R. – H.C.

 

Heinrich Heine

(1797-1856)

 

Hüt’ dich, mein Freund

 

Hüt’ dich, mein Freund, vor grimmen Teufelsfratzen,

Doch schlimmer sind die sanften Engelsfrätzchen.

Ein solches bot mir einst ein süßes Schmätzchen,

Doch wie ich kam, da fühlt’ ich scharfe Tatzen.

 

Hüt’ dich, mein Freund, vor schwarzen, alten Katzen,

Doch schlimmer sind die weißen, jungen Kätzchen.

Ein solches macht’ ich einst zu meinem Schätzchen,

Doch thät mein Schätzchen mir das Herz zerkratzen.

 

O süßes Frätzchen, wundersüßes Mädchen!

Wie konnte mich dein klares Aeuglein täuschen?

Wie konnt’ dein Pfötchen mir das Herz zerfleischen?

 

O meines Kätzchens wunderzartes Pfötchen!

Könnt’ ich dich an die glüh’nden Lippen pressen,

Und könnt’ mein Herz verbluten unterdessen! 

 

 

Beware, my friend

 

Of savage devils’-brats, my friend, beware,

But gentle angels’-brats more hearts will break;

Once such a one a sweet kiss bid me take,

But when I came, I felt sharp talons there.

 

Of black and ancient cats, my friend, take care,

But white young kittens are still more awake;

Once such a one my sweetheart did I make, −

My heart my sweetheart savagely did tear.

 

O darling brat! O maiden passing sweet!

How could thy clear eye e’er deceive me so?

How could thy paw e’er give me such a blow?

 

O my dear kitten’s paw so soft and neat!

Could I but press thee to my glowing lip!

And could my life-blood meanwhile cease to drip! 

 

 

Cuide-se, amigo meu

 

Cuide-se, amigo meu, dos rudes semblantes de Satã,

porém ainda mais das doces malícias dos anjos.

Certa vez, um deles me ofereceu um suave beijo,

mas quando me aproximei, senti suas garras afiadas.

 

Cuide-se, meu amigo, das negras, velhas gatas,

Mas as piores são as brancas, jovens gatinhas.

Fiz de uma delas, certa vez, o meu berloque,

E mesmo assim ela quase lacerou meu coração.

 

Oh doce e ilusório rosto, doce e bela menina,

Como posso por teus olhos ter-me enganado?

Como tuas patas pôde dilacerar-me o coração?

 

Oh delicadas patas de minha pequena gata!

Poderia pressioná-las em meus lábios ardentes,

Enquanto drena-me todo o sangue do coração.

 

Referências:

 

Original em Alemão

 

HEINE, Heinrich. Hüt’ dich, mein freund. In: __________. Sämmtliche Werke. Bd. 2: Buch der Lieder. Neue Lieder, Tragödien. Philadelphia, PA: John Weik & Co., 1856. p. 52.

 

Versão em Inglês

 

HEINE, Heinrich. Beware, my friend. In: __________. The complete poems of Heine. Translated by Edgar Alfred Bowring. London, EN: Longman, Brown, Green, Longmans, & Roberts; 1859. p. 46.

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