Eis
um soneto exemplar, do poeta romântico alemão Heinrich Heine, que faz alusão à
dicotomia “mulher e gata”, tal como neste outro poema, do francês
Paul Verlaine.
Heine
parece mesmo apaixonado pela sua “gatinha”, que lhe torna o coração exangue.
Mas é exatamente essa a chama do desejo: beijando-lhe as delicadas “patas” e
expondo o flanco aos dardos acutilantes de Cupido.
Assim
se “morre” de amor!
J.A.R.
– H.C.
Heinrich
Heine
(1797-1856)
Hüt’
dich, mein Freund
Hüt’
dich, mein Freund, vor grimmen Teufelsfratzen,
Doch
schlimmer sind die sanften Engelsfrätzchen.
Ein
solches bot mir einst ein süßes Schmätzchen,
Doch
wie ich kam, da fühlt’ ich scharfe Tatzen.
Hüt’
dich, mein Freund, vor schwarzen, alten Katzen,
Doch
schlimmer sind die weißen, jungen Kätzchen.
Ein
solches macht’ ich einst zu meinem Schätzchen,
Doch
thät mein Schätzchen mir das Herz zerkratzen.
O
süßes Frätzchen, wundersüßes Mädchen!
Wie
konnte mich dein klares Aeuglein täuschen?
Wie
konnt’ dein Pfötchen mir das Herz zerfleischen?
O
meines Kätzchens wunderzartes Pfötchen!
Könnt’
ich dich an die glüh’nden Lippen pressen,
Und könnt’ mein Herz verbluten unterdessen!
Beware,
my friend
Of
savage devils’-brats, my friend, beware,
But
gentle angels’-brats more hearts will break;
Once
such a one a sweet kiss bid me take,
But
when I came, I felt sharp talons there.
Of
black and ancient cats, my friend, take care,
But
white young kittens are still more awake;
Once
such a one my sweetheart did I make, −
My
heart my sweetheart savagely did tear.
O
darling brat! O maiden passing sweet!
How
could thy clear eye e’er deceive me so?
How
could thy paw e’er give me such a blow?
O my
dear kitten’s paw so soft and neat!
Could
I but press thee to my glowing lip!
And could my life-blood meanwhile cease to drip!
Cuide-se,
amigo meu
Cuide-se,
amigo meu, dos rudes semblantes de Satã,
porém
ainda mais das doces malícias dos anjos.
Certa
vez, um deles me ofereceu um suave beijo,
mas
quando me aproximei, senti suas garras afiadas.
Cuide-se,
meu amigo, das negras, velhas gatas,
Mas
as piores são as brancas, jovens gatinhas.
Fiz
de uma delas, certa vez, o meu berloque,
E
mesmo assim ela quase lacerou meu coração.
Oh
doce e ilusório rosto, doce e bela menina,
Como
posso por teus olhos ter-me enganado?
Como
tuas patas pôde dilacerar-me o coração?
Oh
delicadas patas de minha pequena gata!
Poderia
pressioná-las em meus lábios ardentes,
Enquanto
drena-me todo o sangue do coração.
Referências:
Original
em Alemão
HEINE,
Heinrich. Hüt’ dich, mein freund. In: __________. Sämmtliche Werke. Bd.
2: Buch der Lieder. Neue Lieder, Tragödien. Philadelphia, PA: John Weik &
Co., 1856. p. 52.
Versão
em Inglês
HEINE,
Heinrich. Beware, my friend. In: __________. The complete poems of
Heine. Translated by Edgar Alfred Bowring. London, EN: Longman, Brown,
Green, Longmans, & Roberts; 1859. p. 46.
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