Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 26 de março de 2025

Píndaro - O Elísio

Neste que é um dos “thrénoi” – cantos fúnebres ou de lamentações – mais famosos da poesia grega antiga, Píndaro descreve o Elísio, uma planície favorecida do Hades, nos confins da terra, aonde as almas dos justos são enviadas pelos imortais após a morte.

 

Lá, os que expressaram justiça e bondade deste lado desfrutam de uma vida livre de labuta, a espelharem um estado de etérea senciência, no deleite dos prazeres do corpo e do espírito, em presença de deuses honrados, num cenário que se descreve paradisíaco.

 

Aqui, neste mundo de carne e osso, onde correm “os lentos rios da sombria noite”, um “denso negror” sobe como um miasma: às margens, a terra à espera de ser irrigada pelos homens, na lavratura por meio da qual, com o suor no rosto, proveem o próprio sustento.

 

J.A.R. – H.C.

 

Píndaro

(522 a.C. - 441 a.C.)

 

Το Ελύσιο

 

Τοῖσι λάμπει μέν μένος άελίον τάν ένθάδε νύκτα κάτω,

φοινικορόδοις ἐν λειμώνεσαι προάστιον αὐτῶν.

Καὶ λιβανῷ σκιαρὸν καὶ χρυσοκάρποισιν βεβριθός.

Καὶ τοὶ μὲν ἵπποις γυμνασίοις -τε, τοὶ δὲ πεσσοῖς,

τοὶ δὲ φορμίγγεσσι τέρπονται, παρὰ δέ σφισιν

εὐανθῆς ἅπας τέθηλεν ὄλβος,

’οδμά δ έρατόν κατά χώρον κίδναται

αίεί θύματα μιγνύντων πυρί τηλεφανεῖ

παντοῖα θεῷν έπί βωμοῖς.

 

Ένθεν τόν άπειρον έρεύγονται σκότον

βληχροί δνοφεράς νυκτός ποταμοί.

 

Colina em Algonquin (CA)

(Philip Craig: artista canadense)

 

O Elísio

 

Enquanto aqui é noite,

o sol fulgia vigoroso para eles

no mundo subterrâneo;

e diante da cidade

pelos campos de rosas carmesins, o incenso

derrama a sua sombra,

e os ramos vergam-se com frutos de ouro.

Uns se divertem com cavalos ou lutando,

enquanto jogam outros, ou a lira tocam,

e entre eles a felicidade é como a árvore

que já cresceu de todo e se acha em flor.

Por essa terra amável

um doce aroma sem cessar se espalha:

nos altares dos deuses eles mesclam

arômatos de toda espécie

ao fogo que de longe brilha.

 

Denso negror expelem no outro lado

os lentos rios da sombria noite.

 

Referências:

 

Em Grego

 

PÍNDARO apud PLUTARCO. In: VALDÉS, Manuela García. Píndaro en Plutarco: otras ideas religiosas. Archivum, Oviedo (ES), n. 39-40, p. 217-219, set. 1989. Disponível neste endereço. Acesso em: 20 mar. 2025.

 

Em Português

 

PÍNDARO. O elísio. In: RAMOS, Péricles Eugênio da Silva (Seleção, notas e tradução). Poesia grega e latina. São Paulo, SP: Cultrix, 1964. p. 119. (‘Clássicos Cultrix’)

Nenhum comentário:

Postar um comentário