Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Stephen Dunn - Felicidade

Para o poeta, a felicidade é uma miragem de um castelo que não existe, cujo caminho que lhe dá acesso é deveras pantanoso, sem contar com o fato de que o fosso à volta está cheio de crocodilos. Mas, ainda assim, somos a ele atraídos, seja porque a ponte sobre o fosso e os répteis acha-se em perfeito estado, seja em razão de que as portas do castelo se encontram perenemente abertas.

O tema já foi largamente debatido na literatura, quer lúdica quer científica, de Aristóteles a Sonja Lyubomirsky, de Sêneca a Mihaly Csíkszentmihaly. Com efeito, para os comuns mortais, se ainda há questões remanescentes sobre o que, irrefutavelmente, caracteriza a felicidade, muito mais já terá sido removido da rota que lhe dá acesso, pois que apenas ilusórios desvios.

J.A.R. – H.C.

 

Stephen Dunn

(n. 1939)

 

Happiness

 

A state you must dare not enter

with hopes of staying,

quicksand in the marshes, and all

 

the roads leading to a castle

that doesn’t exist.

But there it is, as promised,

 

with its perfect bridge above

the crocodiles,

and its doors forever open.

 

Neuschwanstein: Castelo Mágico

(Leonid Afremov: pintor israelense)

 

Felicidade

 

Um estado em que não deves ousar entrar

com esperanças de nele permanecer,

areias movediças num pântano, e todos

 

os caminhos conducentes a um castelo

que não existe.

Mas lá está ele, como prometido,

 

com sua perfeita ponte sobre

os crocodilos,

e suas portas para sempre abertas.


Referência:

DUNN, Stephen. Happiness. In: ASTLEY, Neil (Ed.). Staying alive: real poems for unreal times. 1st. ed. New York, NY: Miramax Books, 2003. p. 81.

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