Ao caminho convencional
até o matrimônio, preconizado pelas instituições sociais e religiosas, o falante
prefere uma senda alternativa, capaz de acercá-lo de um paraíso idílico, onde
poderia experimentar uma felicidade despreocupada – como se integrante fosse da
corte do Rei Artur.
Aos olhos do
protagonista, vãos seriam os encargos, as expectativas, as rigidezes e as
limitações impostos pela sociedade, considerando-se a transitoriedade do
existir humano: melhor seria que se adotasse um modo de vida mais aberto à
dança, à música e ao amor fugaz.
Ou ainda por outra linha
de arguição, um tanto freudiana, desafiadora por igual ante as normas estabelecidas:
entre o mundo do desejo e a realidade, sempre há algo a ser transgredido para
que se possa alcançar a plena liberdade e a satisfação do prazer momentâneo.
J.A.R. – H.C.
W. B. Yeats
(1865-1939)
The Collar-Bone of a
Hare
Would I could cast a
sail on the water
Where many a king has
gone
And many a king’s daughter,
And alight at the
comely trees and the lawn,
The playing upon
pipes and the dancing,
And learn that the
best thing is
To change my loves
while dancing
And pay but a kiss
for a kiss.
I would find by the
edge of that water
The colar-bone of a
hare
Worn thin by the
lapping of water,
And pierce it through
with a gimlet and stare
At the old bitter
world where they marry in churches,
And laugh over the
untroubled water
At all who marry in
churches,
Through the white
thin bone of a hare.
In: “The Wild Swans
at Coole” (1919)
A dança
(André Derain: pintor
francês)
A Clavícula de uma
Lebre
Quisera poder velejar
sobre as águas
Singradas por tantos
reis
E por tantas filhas
de reis,
Saltar ante um
gracioso bosque com gramado,
Entre danças e pífanos,
Para assim aprender
que nada há de melhor
Que mudar de amores
enquanto se dança,
Sem retribuir um
beijo com mais de um beijo.
Às margens desse mar
encontraria
A clavícula de uma
lebre
Desgastada pelo
marulhar das águas,
E a perfuraria com
uma verruma para observar
O amargo e velho
mundo onde todos se casam nas igrejas,
E riria sobre as
águas em calmaria
De quantos lá se unem
em matrimônio,
Através do alvor do osso
desbastado da lebre.
Em: “Os Cisnes
Selvagens em Coole” (1919)
Referência:
YEATS, W. B. The collarbone
of a hare. In: HEANEY, Seamus; HUGHES, Ted (Eds.). The rattle bag. 1st
publ. London, EN: Faber and Faber, 1982. p. 111.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário