Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Maksym Rylsky - A Arte da Tradução

Um hábil tradutor, o poeta ucraniano Maksym Rylsky apresenta as suas sugestões de como se deve proceder para não adulterar ou empobrecer a mensagem do original, em língua estrangeira, daquilo que se está traduzindo.

O poema desta postagem, um belo soneto de 1940, foi extraído de minucioso estudo sobre as estratégias que Rylsky empregava em seu trabalho, de autoria de O. G. Pavlenko (2012, p. 182), cujo endereçamento na internet (vide referência) aponta exatamente para uma clássica universidade de Kiev, a Universidade Nacional Taras Shevchenko, a mesma que ele, em vida, frequentou. Aliás, Rylsky nasceu e faleceu em Kiev.

Uma observação antes de pôr fim a este comento: espero não ter modificado de modo substancial o teor da mensagem original do poeta. Se o fiz, não foi por má intenção (rs)!

J.A.R. – H.C.

Максим Рильський
(Maksym Rylsky: 1895-1964)

Мистецтво перекладу
         
Чи птиця ж є? Чи день сьогодні вдалий?
Чи влучно він стрілятиме?Промчали
чирки, як вихор, – і зайнявся дух.

Так книга свій являє виднокруг,
І в ті рядки, що на папері стали,
Ти маєш влучити, мисливцю вдалий,
І кревним людям принести, як друг.

Не вбити, ні! Для всяких аналогій
Межа буває: треба, щоб слова
З багатих не зробилися убогі,

Щоб залишалась думка в них жива
І щоб душі поетової вияв
На нас, як рідний, з чужини повіяв.

São Jerônimo Visitado pelos Anjos
(Santo Padroeiro dos Tradutores)
Bartolomeo Cavarozzi: 1587-1625

A Arte da Tradução

Dirige-se um caçador a um bosque desconhecido.
Haverá mesmo um pássaro? Terá um dia afortunado?
Seu disparo será preciso? Sôfregos os marrecos
Alçaram voo, num torvelinho – agitando-lhe o espírito.

Assim o livro se apresenta em seu campo visível,
E nessas linhas gravadas sobre o papel,
Haverás de atirar, habilidoso caçador,
Mas as pessoas de sangue tê-las como amigas.

Matar, nunca! Para quaisquer analogias
Este é o limite: faz-se mister que palavras
Ricas não se tornem completamente despojadas,

Que nelas se mantenha vivo o pensamento
E que o alento poético se nos ofereça,
Tal como soprara ao nativo estrangeiro.
          
Referência:

RYLSKY, Maksym. A arte da tradução. In: Pavlenko, O. G. Estratégias de tradução de Maksym Rylsky. Kiev (UA): Universidade Nacional Taras Shevchenko de Kiev, Instituto de Filologia. Estudos Literários, Artigos Científicos, Edição n. 34, p.182-186, 2012. Disponível neste endereço.

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