Temos aqui mais um soneto no qual sobressai a figura do gato, datado de 1883, e incorporado à obra “À Trois
Chats, Douze Sonnets”, do crítico e historiador francês Hippolyte Taine, anteriormente já neste blog presente, em outro poema, contudo.
A versão em português, como de praxe para os casos em que não há indicação do tradutor, é de minha autoria – e por ela sou responsável pelos erros e acertos (rs).
A versão em português, como de praxe para os casos em que não há indicação do tradutor, é de minha autoria – e por ela sou responsável pelos erros e acertos (rs).
J.A.R. – H.C.
Les Souvenirs
d’un Chat
Il siège au coin du feu, les paupières mi-closes,
Aspirant la chaleur
du brasier qui s’éteint;
La bouilloire
bouillonne avec des bruits d’étain;
Le bois flambe, noircit, s’effile en charbons
roses.
Le royal exilé prend
de sublimes poses;
Il allonge son nez sur ses pieds de satin;
Il s’endort, il échappe au stupide destin,
A l’irrémédiable écroulement des choses.
Les siècles en son cœur ont épaissi leur nuit,
Mais au fond de son cœur, inextinguible, luit
Comme un flambeau sacré, son rêve héréditaire:
Un soir d’or, le
déclin empourpré du soleil,
De fûts noirs de
palmiers sur l’horizon vermeil,
Le grand fleuve qui
roule entre deux murs de terre.
As Recordações de um Gato
Senta-se ele próximo ao
fogo, com as pálpebras semicerradas,
A aspirar o calor da
brasa que se extingue;
Borbulha a chaleira
com os ruídos do estanho;
A lenha flamba,
tisna, desfaz-se em rubros carvões.
O exilado real assume
poses sublimes;
Alonga o nariz
sobre os seus pés de cetim;
Adormece e assim
escapa ao obtuso destino,
À irremediável ruína
das coisas.
Os séculos em seu
coração tornam sua noite mais densa,
Mas no fundo de seu peito, inextinguível, brilha
Como uma tocha
sagrada, o seu sonho hereditário:
Uma noite de ouro, o ocaso púrpura do sol,
Troncos escuros de
palmeiras no horizonte vermelho,
E o grande rio a fluir
entre duas barreiras de terra.
Referência:
TAINE, Hippolyte. Les Souvenirs d’un Chat. In: NOVARINO-POTHIER,
Albine (Éd.). Le chat em 60 poèmes.
Paris: Omnibus, 2013. p. 27.
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