Dando
sequência aos poemas tendo os bichanos por tema, postamos agora duas poesias
elaboradas, ainda no século XVI, pelo francês Joachim Du Bellay. Uma delas diz
respeito a um excerto de seu longo poema dedicado ao passamento de seu
benquisto gato Belaud.
J.A.R. – H.C.
Joachim Du Bellay
(1525-1560)
Sonnet à Ménine
Ménine aux yeux
dorés, au poil doux, gris et fin,
La charmante Ménine, unique en son espèce.
Ménine, les amours d’une illustre Duchesse
Et dont plus d’un mortel enviait le destin.
Ménine, qui jamais ne
connut de Ménin,
Et qui fut de son
temps des chattes de Lucrèce.
Chatte pour tout le monde, et pour les chats
tigresse:
Au milieu de ses
jours en a trouvé la fin.
Que lui sert,
maintenant, que dédaigneuse et fière
Jamais d’aucun matou,
sur aucune gouttière,
Elle n’ait écouté les amoureux regrets.
La Parque étant ses droits sur tout ce qui respire
Et de ne rien aimer tout le fruit qu’on retire,
C’est une triste vie, et puis la mort après.
Mulher com um Gato
Renoir (1841-1919)
Soneto a Ménine
Ménine de olhos dourados,
pelo macio, cinza e fino,
A charmosa Ménine, única em
sua espécie.
Ménine, alvo do amor de uma
ilustre duquesa
E cujo destino foi cobiçado por mais de um mortal.
Ménine, que jamais
conheceu Ménin,
E que foi em vida como as gatas de Lucrécia.
Gata para todo o mundo, e
para os gatos tigresa:
No meio de seus dias deparou com o fim.
Agora, de que lhe valeu ser desdenhosa e orgulhosa
Pois jamais de gato algum, sobre alguma calha,
Ela terá escutado mágoas de amor.
A Parca dispõe seus direitos a todo ser que respira
E nada amamos mais que toda fruta que se nos retira,
Uma vida triste, e então a morte em seguida.
DU
BELLAY, Joachim. Sonnet à Ménine. In: NOVARINO-POTHIER,
Albine (Éd.). Le chat em 60 poèmes. Paris: Omnibus, 2013. p. 96.
Épitaphe (Extrait)
A peu que le coeur ne me crevé
Quand j’en parle, ou quand j'en escris:
C’est Belaud mon petit chat gris,
Belaud, qui fut paraventure
Le plus bel oeuvre que nature
Feit onc en matière de chats.
Epitáfio (Excerto)
Como se o meu coração fendesse
Quando falo ou escrevo:
Este é Belaud, meu pequeno gato
cinzento;
Belaud, que foi porventura
A mais bela obra que a natureza
jamais produziu em matéria de gatos.
DU
BELLAY, Joachim. Épitaphe. In: NOVARINO-POTHIER, Albine
(Éd.). Le chat em 60 poèmes. Paris: Omnibus, 2013. p. 63.
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