Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Um Dia Santo

Há muito que um dia como hoje, Sexta-feira Santa, deixou de ser uma ocasião mais intensamente considerada por todos, pois o processo de secularização das sociedades contemporâneas impôs novos princípios, que deixaram os valores tradicionais praticamente limitados – e epigrafados – às mentes das pessoas já próximas ao outono da vida (que eufemismo, não?!).

Seja como for, para demarcar o que se rememora neste dia, trazemos um soneto de matiz religioso, plasmado na dicotomia morte-vida, de autoria do frei franciscano capuchinho, de origem espanhola, Arcangel de Alarcón  (Séc. XVI).

J.A.R. – H.C.

Pietá
Michelangelo (1475-1564)

A Jesus Crucificado

Triste, inhumana, inexôrable muerte,
enemiga mortal de nuestra vida;
¿como al Autor pudiste de la vida
dar tan atróz y tan sangrienta muerte?

Para librarnos de una eterna muerte,
quiso aquel Sumo Bien, que es gozo y vida,
vertér su Sangre, y dar su amable vida,
triunfando del pecado, infierno y muerte;

No pudo ella el estambre de tu vida
cortar, sin tu querer; pues de la muerte
eres Señor, e de la eterna vida;

Venga pues ya desde hoy, venga la muerte,
que lleva a la verdad, caminho y vida,
con la virtud, y graça de tu muerte.

(Pintura de Prem Mukherjee)

A Jesus Crucificado

Triste, inumana, inexorável morte,
inimiga mortal de nossa vida;
como ao Autor pudeste da vida
dar tão atroz e tão sangrenta morte?

Para livrar-nos de uma eterna morte,
quis aquele Sumo Bem, que é gozo e vida,
verter seu sangue, e dar sua amável vida,
triunfando do pecado, inferno e morte;

Não poderia ela o estame de tua vida
cortar, sem teu querer; pois da morte
és Senhor, e da eterna vida;

Venha pois já desde hoje, venha a morte,
que leva à verdade, caminho e vida,
com a virtude, e a graça de tua morte.

Referência:

ALARCÓN, Arcangel. A Jesus crucificado. In: RAMÓN P., Guillermo (Coord.). Coleccion de poesías sagradas. Mallorca: Imprenta de Sebastián García, 1813. p. 286.
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