Há muito que um dia como hoje, Sexta-feira Santa, deixou de ser uma
ocasião mais intensamente considerada por todos, pois o processo de
secularização das sociedades contemporâneas impôs novos princípios, que
deixaram os valores tradicionais praticamente limitados – e epigrafados – às
mentes das pessoas já próximas ao outono da vida (que eufemismo, não?!).
Seja como for, para demarcar o que se rememora neste dia, trazemos um
soneto de matiz religioso, plasmado na dicotomia morte-vida, de autoria do frei
franciscano capuchinho, de origem espanhola, Arcangel de Alarcón (Séc. XVI).
J.A.R. – H.C.
Pietá
Michelangelo (1475-1564)
A Jesus Crucificado
Triste, inhumana,
inexôrable muerte,
enemiga mortal de
nuestra vida;
¿como al Autor pudiste
de la vida
dar tan atróz y tan
sangrienta muerte?
Para librarnos de una
eterna muerte,
quiso aquel Sumo
Bien, que es gozo y vida,
vertér su Sangre, y
dar su amable vida,
triunfando del pecado,
infierno y muerte;
No pudo ella el
estambre de tu vida
cortar, sin tu
querer; pues de la muerte
eres Señor, e de la
eterna vida;
Venga pues ya desde
hoy, venga la muerte,
que lleva a la
verdad, caminho y vida,
con la virtud, y
graça de tu muerte.
(Pintura de Prem Mukherjee)
A Jesus Crucificado
Triste, inumana,
inexorável morte,
inimiga mortal de
nossa vida;
como ao Autor pudeste
da vida
dar tão atroz e tão
sangrenta morte?
Para livrar-nos de
uma eterna morte,
quis aquele Sumo Bem,
que é gozo e vida,
verter seu sangue, e
dar sua amável vida,
triunfando do pecado,
inferno e morte;
Não poderia ela o
estame de tua vida
cortar, sem teu
querer; pois da morte
és Senhor, e da
eterna vida;
Venha pois já desde
hoje, venha a morte,
que leva à verdade,
caminho e vida,
com a virtude, e a
graça de tua morte.
Referência:
ALARCÓN, Arcangel. A Jesus crucificado.
In: RAMÓN P., Guillermo (Coord.). Coleccion
de poesías sagradas. Mallorca: Imprenta de Sebastián García, 1813. p. 286.
W
Nenhum comentário:
Postar um comentário