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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A Economia Morreu?

Os excertos abaixo, extraídos do livro “A Morte da Economia”, de Paul Ormerod, são eloquentes no que concerne aos problemas de que padece a Economia enquanto ciência não propriamente do ramo de exatas, como pretendem algumas linhas de pesquisa exacerbadamente matematizadas. Para refletir...

 

J.A.R. – H.C. 

 


ORMEROD, Paul. A morte da economia. Tradução de Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

 

Pág. 15:

“Sociólogos e psicólogos documentaram muitos estudos de caso a respeito das reações de certos grupos diante da comprovação de que sua visão de mundo estava errada. Nessas situações, longe de reconhecer o problema, uma reação comum dos indivíduos é intensificar o fervor de sua crença”.

 

Pág. 119:

“Os modelos podem parecer impressionantes e intimidadores quando suas especificações matemáticas são colocadas no papel, mas, quando usados para fazer previsões, são tão pouco confiáveis que, no mundo inteiro, praticamente nenhum especialista ousa confiar no seu próprio trabalho”.

 

Pág. 121:

“De muitas maneiras, os modelos se parecem com as tarântulas. Em ambos os casos é necessária uma manipulação cuidadosa, mas, no caso das aranhas, não apenas pela razão mais óbvia. Pois, se as pessoas que as manipulam perderem o controle e deixarem-nas cair, elas explodem. Essas interessantes criaturas usam a pressão hidráulica para estender as pernas e seu fluído é expelido com o impacto. Da mesma forma, os macromodelos têm um fascínio particular, e uma tendência a explodir”.



Pág. 226:

“Cada vez mais, as ferramentas matemáticas da não-linearidade, requeridas pela análise desses fenômenos, são aplicadas em ciências como a biologia, a química e a física, possibilitando insights novos e profundos. As implicações para a análise econômica são da maior importância.

Apesar de toda a sua aparente sofisticação matemática, o cerne do modelo da economia teórica, o equilíbrio geral competitivo, baseia-se numa visão inteiramente equivocada do mundo moderno. Os preceitos comportamentais derivados de um indivíduo autônomo e determinista numa ilha deserta, o Homem Racional Econômico idealizado pela teoria ortodoxa, não se aplica en masse aos seres humanos de uma grande economia moderna.

O macrocomportamento das economias modernas é, por si, um estudo legítimo, e é absolutamente improvável que o comportamento dessas economias seja derivado da extrapolação do comportamento individual maximizado até a escala global”.

 

Pág. 227:

“Uma característica essencial dos sistemas não-lineares é que o comportamento do sistema como um todo pode ser sensível a variações do meio ambiente global. No decorrer do tempo, o sistema dispõe de muitas trajetórias de solução em potencial. Qualquer trajetória real que seja percorrida, entre as miríades de trajetórias potenciais que poderiam ter sido seguidas, não corresponderá, exceto por uma grande coincidência, àquela que teria sido escolhida pela maximização ótima global do comportamento de indivíduos 'racionais'.

Essa sensibilidade potencial tem mais uma implicação. A derivação de leis gerais para controle e benefício do sistema, que sejam válidas em toda parte e em todos os momentos, é difícil, senão impossível, refutando assim a afirmação arrogante do modelo econômico do equilíbrio gera”.

 

Pág. 228:

“A sociedade humana, principalmente na esfera política, constitui um sistema não-linear de complexidade inusitada, de certa forma muito mais complexa do que o mundo físico. Um número muito grande de fatores pode ser importante a qualquer momento”.

 

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