Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 19 de abril de 2014

John Keats – Um Soneto para o Gato da Sra. Reynolds

 

Hoje, pela manhã, estive a flamar pela Segunda Bienal do Livro de Brasília, em curso na Esplanada dos Ministérios. Lá encontrei um livro de poesias de Byron e Keats, traduzidas pelo também poeta Augusto de Campos: “Byron e Keats - Entreversos”.

 

Mas sabe-se lá o que o imprevisto pode trazer ao nosso deleite! Para minha surpresa, eis que encontro ali um poema de Keats sobre o gato de uma nomeada Sra. Reynolds.

 

Acerca do trabalho de tradução de Augusto, vejo-o como simplesmente admirável, pois foi capaz de manter o clima estético do original, ao mesmo tempo que preservou as suas formas. Uma tarefa, decerto, algo facilitada pelo trânsito franqueado que tem com as musas do Parnaso!

 

Sem ter sido esse o motivo determinante para que adquirisse a obra – pois a coletânea é plena de poemas soberbos! –, obviamente que o acaso do achado, síncrono à recolha que ora promovo em meu bloguinho, contou em favor da aquisição.

 

Vejam abaixo, pela transcrição, se o que digo merece crédito ou não...

 

J.A.R. – H.C.

 

  John Keats

(1795-1821)

 

To Mrs. Reynolds’ Cat

 

Cat! who hast pass’d thy grand cliacteric,

How many mice and rats hast in thy days

Destroy’d? − How many tit bits stolen? Gaze

With those bright languid segments green, and prick

 

Those velvet ears − but pr’ythee do not stick

Thy latent talons in me − and upraise

Thy gentle mew − and tell me all thy frays

Of fish and mice, and rats and tender chick.

 

Nay, look not down, nor lick thy dainty wrists -

For all the wheezy asthma, − and for all

Thy tail’s tip is nick’d off − and though the fists

 

Of many a maid have given thee many a mail,

Still is that fur as soft as when the lists

In youth thou enter’dst on glass bottled wall.

 

 

Ao Gato da Sra. Reynolds

 

Gato! que já passaste o grande climatério,

Quantos ratos e camundongos já comeste?

Que petiscos roubaste? Ergue-me o olhar, reveste

De verde lânguido os teus olhos de mistério.

 

Alça as orelhas de veludo, mas não queiras

Fincar em mim as tuas úngulas latentes,

Faz teu meigo miado e conta as sorrateiras

Caças de ratos, peixes, pintos nos teus dentes.

 

Não baixes os teus olhos, nem lambas agora

As patas, apesar da asma e dos apuros

Da cauda cetinosa que te falta; e embora

 

As servas te enxotassem com castigos duros,

Teu pelo ainda é suave e lembra como outrora

Te esquivavas dos cacos de vidro pelos muros.

 

Referência:

 

KEATS, John. To Mrs. Reynolds’ Cat. In: CAMPOS, Augusto de (Org. e Trad.). Byron e Keats: entreversos. Edição bilíngue. Campinas: Ed. da Unicamp, 2009. p. 166-167.

ö

Nenhum comentário:

Postar um comentário