Como o Nobel Octavio Paz, José Juan Tablada foi um poeta e diplomata
mexicano. E do mesmo modo como Paz se encantou pelo exotismo de países
distantes, como a Índia, Tablada se rendeu aos fascínios do Japão.
E dedicou-lhe muitas poesias, como as coligidas na obra “Musa Japônica”.
Dentre estas, sobressai a que escolhemos para ilustrar esta postagem,
simplesmente denominada “Japão”: um poema-síntese de tudo o que se costuma
predicar sobre a “Terra do Sol Nascente”.
J.A.R. – H.C.
José Juan Tablada
(1871-1945)
Japón
¡Áureo espejismo, sueño de opio,
Fuente de todos mis ideales!
¡Jardín que un raro kaleidoscopio
Borda en mi mente con sus cristales!
Tus teogonías me han exaltado
Y amo ferviente tus glorias todas;
¡Yo soy el siervo de tu Mikado!
¡Yo soy el bonzo de tus pagodas!
Por ti mi dicha renace ahora
Y en mi alma escéptica se derrama
Como los rayos de un sol de aurora
Sobre la nieve del Fusiyama.
Tú eres el opio que narcotiza,
Y al ver que aduermes todas mis penas
Mi sangre – roja sacerdotisa –
Tus alabanzas canta en mis venas.
¡Canta! En sus cauces corre y se estrella
Mi tumultuosa sangre de Oriente,
Y ése es el canto de tu epopeya,
Mágico Imperio del Sol Naciente.
En tu arte mágico – raro edificio –
Viven los monstruos, surgen las flores
Es el poema del Artificio
En la Obertura de los colores.
¡Rían los blancos con risa vana!
Que al fin contemplas indiferente
Desde los cielos de tu Nirvana
A las Naciones de Occidente.
Distingue mi alma cuando en ti sueña
– Cuadro sombrío y aterrador –
La inmóvil sombra de la cigüeña
Sobre un sepulcro de emperador.
Templos grandiosos y seculares
Y en su pesado silencio ignoto,
Budhas que duermen en los altares
Entre las áureas flores de loto.
De tus princesas y tus señores
Pasa el cortejo dorado y rico,
Y en ese canto de mil colores
Es una estrofa cada abanico.
Se van abriendo si reverbera
El sol y lanza sus tibias olas
Los parasoles, cual Primavera
De crisantemas y de amapolas.
Amo tus ríos y tus lagunas,
Tus ciervos blancos y tus faisanes
Y el ampo triste con que tus lunas
Bañan la cumbre de tus volcanes.
Amo tu extraña mitología,
Los raros monstruos, las claras flores
Que hay en tus biombos de seda umbría
Y en el esmalte de tus tibores.
¡Japón! Tus ritos me han exaltado
Y amo ferviente tus glorias todas;
¡Yo soy el ciervo de tu Mikado!
¡Yo soy el bonzo de tus pagodas!
Y así quisiera mi ser que te ama,
Mi loco espíritu que te adora,
Ser ese astro de viva llama
Que tierno besa y ardiente dora
¡La blanca nieve del Fusiyama!
Pavilhão Dourado
(Kyoto – Japão)
Japão
Áurea miragem, sonho de ópio,
Fonte de todos os
meus ideais!
Jardim que um raro
caleidoscópio
Tece em minha mente
com os seus cristais!
Tuas teogonias têm-me exaltado
E amo fervente tuas
glórias todas;
Eu sou o servo de teu
Mikado!
Eu sou o bonzo de
teus pagodes!
Por ti minha ventura renasce agora
E em minha alma
cética se derrama
Como os raios de um
sol de aurora
Sobre a neve do
Fujiyama.
Tu és o ópio que narcotiza,
E ao ver que atenuas
todas as minhas mágoas
Meu sangue – vermelha
sacerdotisa –
Teus louvores canta
em minhas veias.
Canta! Em seus leitos corre e se choca
Meu tumultuoso sangue
de Oriente,
E esse é o canto de
tua epopeia,
Mágico Império do Sol
Nascente.
Em tua arte mágica – raro edifício –
Vivem os monstros,
surgem as flores
És o poema do
Artifício
Na Abertura das
cores.
Riam os brancos com riso vão!
Que ao fim contemplas
indiferente
Desde os céus de teu
Nirvana
Até as Nações do
Ocidente.
Distingue minha alma quando em ti sonha
– Quadro sombrio e
aterrador –
A imóvel sombra da
cegonha
Sobre o sepulcro de
imperador.
Templos grandiosos e seculares
E em seu pesado
silêncio ignoto,
Budas que dormem nos
altares,
Entre as áureas
flores de loto.
De tuas princesas e teus senhores
Passa o cortejo
dourado e rico,
E nesse canto de mil
cores
É uma estrofe cada abanico.
Vão se abrindo, se reverbera
O sol e lança suas
tíbias ondas,
Os guarda-sóis, qual
Primavera
De crisântemos e de
amapolas.
Amo teus rios e tuas lagunas,
Teus cervos brancos e
teus faisões
E a alvura triste com
que tuas luas
Banham o cume de teus
vulcões.
Amo tua estranha mitologia,
Os raros monstros, as
claras flores
Que há em teus
biombos de seda sombria
E no esmalte de teus
vasos.
Japão! Teus ritos têm-me exaltado
E amo fervente tuas
glórias todas;
Eu sou o servo de teu
Mikado!
Eu sou o bonzo de
teus pagodes!
E assim quisera meu ser que te ama,
Meu louco espírito
que te adora,
Ser esse astro de
viva chama
Que terno beija e
ardente doura
A branca neve do
Fujiyama.
Monte Fujiyama
Referência:
TABLADA, José Juan. Japón. In:
__________. El florilegio. Musa
Japónica. Paris (FR); México (MX): Librería de la Vda. de Ch. Bouret, 1904. p.
121-123.
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