Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Vicente Huidobro – A Poesia

Vicente García-Huidobro Fernandéz, poeta chileno, foi um influente vanguardista no meio literário não só de seu país natal, quanto no internacional. O seu “criacionismo poético”, como se observa na “colagem” transcrita a seguir, equipara o poeta a uma “pequena deidade”.

E não só poeta Huidobro o foi: foi também um ilustre e refinado teórico do seu labor artístico, em especial, quando coteja o lado dúctil da realidade circundante com a plasticidade harmoniosa do universo poético.

Se me permite o internauta uma digressão, diria que se trata de um contraste algo semelhante ao que o escritor e filósofo norte-americano Robert M. Pirsig, em “Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas” (Cap. 6, Primeira Parte), procura distinguir o modo “clássico” de ver o mundo − centrado na razão e em leis do universo tangível, por isso manifestamente econômico e desprovido de ornamentos −, e o modo “romântico” − primariamente inspirado, imaginativo, criativo e intuitivo −, este, sim, o universo do Parnaso.

J.A.R. – H.C. 
Vicente Huidobro
(1893-1948)

La Poesía [Collage]
Vicente Huidobro

“Aparte de la significación gramatical del lenguaje, hay otra, una significación mágica, que es la única que nos interesa. Uno es el lenguaje objetivo que sirve para nombrar las cosas del mundo sin sacarlas fuera de su calidad de inventario; el otro rompe esa norma convencional y en él las palabras pierden su representación estricta para adquirir otra más profunda y como rodeada de un aura luminosa que debe elevar al lector del plano habitual y envolverlo en una atmosfera encantada”...

“El poema creacionista solo nace de un estado de superconsciencia o de delírio poético”...

“La poesia es un desafio a la razón, el único desafio que la razón puede aceptar, pues una crea su realidad en el mundo que es y la otra en el que está siendo”...

“Un poeta debe decir aquellas cosas que nunca se dirían sin el”...

“Os diré qué entiendo por poema creado. Es un poema en el que cada parte constitutiva y todo el conjunto muestra un hecho nuevo, independienie del mundo externo, desligado de cualquier otra realidad que no sea la propia, pues toma su puesto en el mundo como un fenómeno singular, aparte y distinto de los demás fenômenos”...

“He condensado así la esencia de mis princípios:

1. Humanizar las cosas. Todo lo que pasa a través del organismo del poeta debe coger la mayor cantidad de su calor. Aqui algo vasto, enorme, como el horizonte, se humaniza, se hace íntimo, filial, gracias al objetivo ‘cuadrado’. El infinito anida em nuestro corazón.

2. Lo vago se precisa. Al cerrar las ventanas de nuestra alma, Io que podia escaparse y gasificarse, deshilacharse, queda encerrado y se solidifica.

3. Lo abstracto se hace concreto y io concreto abstracto. Es decir, el equilíbrio perfecto, pues si lo abstracto tendiera más hacia lo abstracto, se desharía en sus manos o se filtraria por entre sus dedos. Y si usted concretiza aún más lo concreto, este le servirá para beber vino o amoblar su casa, pero jamás para amoblar su alma.

4. Lo que es demasiado poético para ser creado se transforma em algo creado al cambiar su valor usual, ya que si el horizonte era poético en si, si el horizonte era poesía en la vida, al calificársele de cuadrado acaba siendo poesía en el arte. De poesía muerta pasa a ser poesia viva”...

“Sólo por médio de la poesía el hombre resuelve sus desequilíbrios, creando un equilíbrio mágico, o tal vez, um mayor desequilíbrio”...

Quest for Bible Treasures
(Wojciech Nowakowski)

A Poesia [Colagem]
Vicente Huidobro

“Aparte a significação gramatical da linguagem, há outra, uma significação mágica, que é a única que nos interessa. Uma é a linguagem objetiva que serve para nomear as coisas do mundo sem tirá-las de sua qualidade de inventário; a outra rompe essa norma convencional e, nela, as palavras perdem sua representação estrita para adquirir outra mais profunda, como que rodeada de uma aura luminosa que deve elevar o leitor do plano habitual e envolvê-lo em uma atmosfera encantada”...

“O poema criacionista somente nasce de um estado de superconsciência ou de delírio poético”...

“A poesia é um desafio à razão, o único desafio que a razão pode aceitar, pois uma cria a sua realidade no mundo que é, e a outra no que está sendo”...

“Um poeta deveria dizer aquelas coisas que nunca seriam ditas sem ele”...

“Dir-lhes-ei o que entendo por poema criado. É o poema no qual cada parte constitutiva e todo o conjunto mostra um fato novo, independente do mundo externo, desligado de qualquer outra realidade que não seja a própria, pois toma o seu lugar no mundo como um fenômeno singular, apartado e distinto dos demais fenômenos”...

“Tenho condensado assim a essência dos meus princípios:

1. Humanizar as coisas. Tudo o que passa através do organismo do poeta deve colher a maior quantidade de seu calor. Aqui, algo vasto, enorme, como o horizonte, humaniza-se, faz-se íntimo, filial, graças ao objetivo ‘quadrado’. O infinito aninha-se em nosso coração.

2. O vago torna-se preciso. Ao fechar as janelas de nossa alma, o que poderia escapar e evaporar-se, desfiar-se, fica fechado e solidifica-se.

3. O abstrato se faz concreto e o concreto abstrato. Isto é, o equilíbrio perfeito, pois se o abstrato tendesse mais além do abstrato, se desfaria em suas mãos ou escaparia por entre seus dedos. E se você concretiza ainda mais o concreto, este lhe servirá para beber vinho ou mobiliar sua casa, porém jamais para prover sua alma.

4. O que é demasiado poético para ser criado se transforma em algo criado ao mudar seu valor usual, já que se o horizonte era poético em si, se o horizonte era poesia na vida, então qualificá-lo de quadrado acaba sendo poesia na arte. De poesia morta passa a ser poesia viva”...

“Somente por meio da poesia o homem resolve seus desequilíbrios, criando um equilíbrio mágico, ou talvez, um maior equilíbrio”...

Referência:

HUIDOBRO, Vicente. La poesia [Collage]. In: CALDERÓN, Alfonso (Org.). Antología de La poesia chilena contemporânea: Apéndice. Santiago (CH): Editorial Universitaria, 1970. p. 275-276.

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