Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Shakespeare – A Clemência

De Shakespeare já se disse que sua prosa cativa o leitor pelo pródigo e imaginativo uso do idioma. Mas há também elementos que recorrem aos cânones comportamentais então vigentes, como o trecho que ora recolhemos da peça “O Mercador de Veneza”, mescla de tragédia e comédia, a congregar passagens dos mais genuínos amor e ódio.

No aludido trecho, Pórcia dirige-se ao judeu Shylock, rogando-lhe clemência por meio de um discurso luminoso, digno dos melhores momentos do bardo. Como a peça é dramaturgia pura, cabe do mesmo modo nas ambições visuais do cinema: no vídeo abaixo, do filme “The Merchant of Venice” (2004) dirigido por Michael Radford, a bela Pórcia – representada pela atriz Lynn Collins – aparece disfarçada, como se um jovem advogado fosse [mais ou menos no decurso do tempo 01:29:59], a rogar a complacência do irredutível Shylock (Al Pacino). A conferir!

J.A.R. – H.C. 

“The Merchant of Venice” (2004)

A qualidade da clemência é que ela não seja forçada;
Cai como a doce chuva do céu sobre o chão que está debaixo dele;
É duas vezes bendita; bendiz ao que a concede e ao que a recebe.
É o que há de mais poderoso naquele que é todo-poderoso;
Assenta-se melhor do que a coroa no monarca sentado ao trono;
O cetro bem pode mostrar a força do poder temporal;
O atributo da majestade e do respeito que faz os reis temerem e tremerem.
Porém, a clemência está acima da autoridade;
Tem seu trono nos corações dos reis,
É um atributo do próprio Deus
E o poder terrestre se aproxima tanto quanto possível do poder de Deus,
Quando a clemência tempera a justiça... Rogamos para solicitar clemência
A este mesmo rogo, mediante o qual a solicitamos,
A todos ensina que devemos mostrar-nos clementes para com nós mesmos.

(Shakespeare: “O Mercador de Veneza” – Ato IV − Cena I)

Referência:

SHAKESPEARE, William. O mercador de Veneza (excerto). In: ROZAKIS, Laurie. Tudo sobre Shakespeare. Tradução de Tereza Tillett. Barueri (SP): Manole. p. 102.

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