Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Paul Éluard - Gato

A poética dos gatos ganha fôlego de sete vidas neste bloguinho: já são mais de sessenta poemas aqui postados. E para não deixar por menos, vamos a mais um: simplesmente denominado “Gato”, extraído da coletânea de poemas “Les animaux et leurs hommes” (“Os animais e seus homens”), de Paul Éluard, vinda a público em 1920.

Paul Éluard, pseudônimo do poeta francês Eugène Émile Paul Grindel, “(...) foi um dos fundadores do Movimento Surrealista. Com André Breton e Louis Aragon, experimentou novas técnicas verbais, ao explorar as relações entre sonho e realidade, e a expressão do pensamento” (RICCI; LOCKERT, 2012, p. 32).

J.A.R. – H.C. 
Paul Éluard
(1895-1952)

Chat

Pour ne poser qu’un doigt dessus
Le chat est bien trop grosse bête.
Sa queue rejoint sa tête,
Il tourne dans ce cercle
Et se répond à la caresse.

Mais, la nuit l’homme voit ses yeux
dont la pâleur est le seul don.
Ils sont trop gros pour qu’il les cache
Et trop lourds pour le vent perdu du rêve.

Quand le chat danse
C’est pour isoler sa prison
Et quand il pense
C’est jusqu’aux murs de ses yeux.

Cat
Gwen John
(1876-1936, British)

Gato

Para pousar não mais que um dedo
O gato é um animal por demais grande.
Sua cauda contorna a cabeça,
Contorce-se num círculo
E rende-se à carícia.

Porém, à noite, o homem vê seus olhos
Cuja palidez é o único atributo.
Eles são muito grandes para se esconder
E bem graves para o vento perdido do sonho.

Quando o gato dança
É para isolar sua prisão
E quando ele pensa
Não vai além do limite de seus olhos.

Referência:

ELUARD, Paul. Chat. In: RICCI, Céline; LOCKERT, Daniel (Piano). Encarte para o álbum Le Bestiaire. Boyce (VI; USA): Sono Luminus, 2012. p. 6. Disponível neste endereço. Acesso em: 29 out 2014.
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