A poética dos gatos ganha fôlego de sete vidas neste bloguinho: já são
mais de sessenta poemas aqui postados. E para não deixar por menos, vamos a
mais um: simplesmente denominado “Gato”, extraído da coletânea de poemas “Les
animaux et leurs hommes” (“Os animais e seus homens”), de Paul Éluard, vinda a
público em 1920.
Paul Éluard, pseudônimo do poeta francês Eugène
Émile Paul Grindel, “(...) foi um dos fundadores do Movimento Surrealista. Com
André Breton e Louis Aragon, experimentou novas técnicas verbais, ao explorar
as relações entre sonho e realidade, e a expressão do pensamento” (RICCI;
LOCKERT, 2012, p. 32).
J.A.R. – H.C.
Paul
Éluard
(1895-1952)
Chat
Pour ne poser qu’un doigt dessus
Le chat est bien trop grosse bête.
Sa queue rejoint sa tête,
Il tourne dans ce cercle
Et se répond à la
caresse.
Mais, la nuit l’homme voit ses yeux
dont la pâleur est le seul don.
Ils sont trop gros pour qu’il les cache
Et trop lourds pour le vent perdu du rêve.
Quand le chat danse
C’est pour isoler sa prison
Et quand il pense
C’est jusqu’aux murs
de ses yeux.
Cat
Gwen John
(1876-1936, British)
Gato
Para pousar não mais
que um dedo
O gato é um animal por
demais grande.
Sua cauda contorna a
cabeça,
Contorce-se num
círculo
E rende-se à carícia.
Porém, à noite, o
homem vê seus olhos
Cuja palidez é o
único atributo.
Eles são muito grandes
para se esconder
E bem graves para o
vento perdido do sonho.
Quando o gato dança
É para isolar sua
prisão
E quando ele pensa
Não vai além do
limite de seus olhos.
Referência:
ELUARD, Paul. Chat. In: RICCI, Céline; LOCKERT, Daniel (Piano). Encarte para o álbum Le Bestiaire. Boyce (VI; USA): Sono Luminus, 2012. p. 6. Disponível neste
endereço. Acesso em: 29 out 2014.
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