Transcrevemos nesta postagem outro poema tendo por objeto a “encarnação
do mal”, Satã. Tal como na condição do soneto anterior, pertence ele à pena de um poeta
sul-americano, no caso, o argentino Leopoldo Díaz, que flertou com as tendências
parnasianas e simbolistas, além de ser um dos maiores cultores do soneto por
estas plagas do Novo Mundo.
A obra de onde se extraiu o referido soneto, referenciada mais abaixo,
pode ser obtida integralmente no seguinte endereço.
Em seu sumário, nas páginas finais do livro, poderá o leitor apreciar o foco
preferencial que inspira a maior parte de seus poemas: figuras que marcaram de
modo indelével a história da humanidade. Lá estão Allan Poe, Napoleão, Miguel Ângelo,
Voltaire, Shakespeare, Dante, Jesus e muitos outros.
Mas, por agora, nos concentremos naquilo que Díaz tem a nos dizer sobre
a figura de Lúcifer, essa tinhosa criação da mente humana (rs).
J.A.R. – H.C.
Leopoldo Díaz
(1862-1947)
Satán
A Joaquín V. González
Mudo, de pié, sobre
el peñón erguido
Se agita en la
tiniebla el condenado;
La cólera divina aun
no ha doblado
La indómita cabeza
del vencido.
Su rostro por el rayo
ennegrecido
De nuevo iergue el
inmortal forzado,
Y como Prometeo
encadenado
Crece el orgullo de
Satán caído.
Es el primer rebelde,
el primer grito,
La más altiva
imprecación lanzada
Ante la augusta faz
del infinito.
La primera ambición
desenfrenada
Y la horrible
serpiente del delito
Que entre la sombra se
retuerce airada.
Satan before the Lord
(Corrado Giaquinto: 1703-1765)
Satã
A Joaquín V. González
Mudo, de pé, sobre o rochedo
erguido
Se agita na treva o
condenado;
A cólera divina ainda
não logrou dobrar
A indômita cabeça do
vencido.
Seu rosto por um raio
enegrecido
De novo ergue o
imortal forçado,
E como Prometeu
encadeado
Cresce o orgulho de
Satã caído.
É o primeiro rebelde,
o primeiro grito,
A mais altiva
imprecação lançada
Ante a augusta face
do infinito.
A primeira ambição
desenfreada
E a horrível serpente
do delito
Que entre a sombra se
retorce airada.
Referência:
DÍAZ, Leopoldo. Satán. In: __________. Sonetos. Buenos Aires (AR): Imprenta,
Litografía y Encuademación de Jacobo Peuser, 1888. p. 5.
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