Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 27 de julho de 2014

Satã (II): Leopoldo Díaz

Transcrevemos nesta postagem outro poema tendo por objeto a “encarnação do mal”, Satã. Tal como na condição do soneto anterior, pertence ele à pena de um poeta sul-americano, no caso, o argentino Leopoldo Díaz, que flertou com as tendências parnasianas e simbolistas, além de ser um dos maiores cultores do soneto por estas plagas do Novo Mundo.

A obra de onde se extraiu o referido soneto, referenciada mais abaixo, pode ser obtida integralmente no seguinte endereço. Em seu sumário, nas páginas finais do livro, poderá o leitor apreciar o foco preferencial que inspira a maior parte de seus poemas: figuras que marcaram de modo indelével a história da humanidade. Lá estão Allan Poe, Napoleão, Miguel Ângelo, Voltaire, Shakespeare, Dante, Jesus e muitos outros.

Mas, por agora, nos concentremos naquilo que Díaz tem a nos dizer sobre a figura de Lúcifer, essa tinhosa criação da mente humana (rs).

J.A.R. – H.C. 
Leopoldo Díaz
(1862-1947)

Satán

A Joaquín V. González

Mudo, de pié, sobre el peñón erguido
Se agita en la tiniebla el condenado;
La cólera divina aun no ha doblado
La indómita cabeza del vencido.

Su rostro por el rayo ennegrecido
De nuevo iergue el inmortal forzado,
Y como Prometeo encadenado
Crece el orgullo de Satán caído.

Es el primer rebelde, el primer grito,
La más altiva imprecación lanzada
Ante la augusta faz del infinito.

La primera ambición desenfrenada
Y la horrible serpiente del delito
Que entre la sombra se retuerce airada. 

Satan before the Lord
(Corrado Giaquinto: 1703-1765)

Satã

A Joaquín V. González

Mudo, de pé, sobre o rochedo erguido
Se agita na treva o condenado;
A cólera divina ainda não logrou dobrar
A indômita cabeça do vencido.

Seu rosto por um raio enegrecido
De novo ergue o imortal forçado,
E como Prometeu encadeado
Cresce o orgulho de Satã caído.

É o primeiro rebelde, o primeiro grito,
A mais altiva imprecação lançada
Ante a augusta face do infinito.

A primeira ambição desenfreada
E a horrível serpente do delito
Que entre a sombra se retorce airada.

Referência:

DÍAZ, Leopoldo. Satán. In: __________. Sonetos. Buenos Aires (AR): Imprenta, Litografía y Encuademación de Jacobo Peuser, 1888. p. 5.

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