Vai aqui uma rápida postagem com poeminha do
poeta lusitano Eugénio de Andrade, dono de um pequeno gato persa. O vate
expressa, nominalmente, um “amor materno” pelo seu bichano, que, por sua vez,
torna mais alegres os dias remanescentes do seu amo.
J.A.R. – H.C.
Eugénio de Andrade
(1923-2005)
O Pequeno Persa
É um pequeno persa
azul o gato deste poema.
Como qualquer outro, o meu
amor por esta alminha é materno:
uma carícia minha lambe-lhe o pelo,
outra põe-lhe o sol entre as patas
ou uma flor à janela.
Com garras e dentes e obstinação
transforma em festa a minha vida.
Quer-se dizer, o que me resta dela.
[De: “O Outro Nome da Terra”]
Referência:
ANDRADE, Eugénio de. O pequeno persa. In: COSTA
E SILVA, Alberto; BUENO, Alexei (Seleção e Introdução). Antologia da
poesia portuguesa contemporânea: um panorama. Rio de Janeiro: Lacerda,
1999. p. 128.
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