Alpes Literários

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Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Roland Barthes - Cherbourg

 
CHERBOURG - FRANÇA

 

O Prazer do Texto

 

“Poder-se-ia imaginar uma tipologia dos prazeres de leitura – ou dos leitores de prazer; não seria sociológica, pois o prazer não é um atributo nem do produto nem da produção; só poderia ser psicanalítica, empenhando a relação da neurose leitora na forma alucinada do texto. O fetichista concordaria com o texto cortado, com a fragmentação das citações, das fórmulas, das cunhagens, com o prazer da palavra. O obsessional teria a voluptuosidade da letra, das linguagens segundas, desligadas, das metalinguagens (esta classe reuniria todos os logófilos, linguistas, semióticos, filólogos: todos aqueles para quem a linguagem reaparece). O paranoico consumiria ou produziria textos retorcidos, histórias desenvolvidas como raciocínio, construções colocadas como jogos, coerções secretas. Quando ao histérico (tão contrário ao obsessional), seria aquele que toma o texto por dinheiro sonante, que entra na comédia sem fundo, sem verdade, da linguagem, que já não é o sujeito de nenhum olhar crítico e se joga através do texto (o que é muito diferente do se projetar nele)”.

 

Roland Barthes

(1915-1980)

Referência:

 

BARTHES, Roland. O prazer do texto. Tradução de J. Guinsburg. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. p. 73-74.

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