Sem muito a dizer sobre a autora do poema acima epigrafado,
aparentemente de origem canadense, passemos direto à transcrição de seu poema, a constar na antologia em referência, e a nossa correspondente versão ao
português.
Mostra-nos ela que os poemas rimados – e por que não dizer,
metrificados? –, ainda que, de algum modo, “superados”, ainda são capazes de
provocar prazeres e sorrisos, a despeito de os dias correntes padecerem de toda
sorte de dissabores.
J.A.R. – H.C.
O Massacre dos Inocentes
Tintoretto: 1582-1587
Must My Poetry
Be Deep?
(Nancy Lazariuk)
Must my poetry be deep
to circumvent
the rubbish heap?
Must my poetry be wise
to make its way
to others’ eyes?
Or can it just be
silly fun:
I love a rhyme,
a joke,
a pun.
It seems there’s so much blood and gore,
pestilence,
and death and war
that rhyming poems can bring a smile,
even though
they’re out of style!
Autorretrato
Tintoretto: 1518-1594
Minha Poesia Deve Ser profunda?
(Nancy Lazariuk)
Minha poesia deve ser
profunda
para contornar
o monte de lixo?
Minha poesia deve ser
perspicaz
para forjar o seu
percurso
aos olhos dos outros?
Ou pode ser apenas
frívola diversão:
eu aprecio uma rima,
um gracejo,
um trocadilho.
Parece que há tanto
sangue e carnificina,
pestilência,
e morte e guerra
que os poemas rimados
têm o poder de suscitar um sorriso,
apesar de
estarem fora de moda.
Referência:
LAZARIUK, Nancy. Must my poetry be deep. In: McALISTER, Neil Harding
(ed.). New classic poems: contemporary
verse that rhymes. Illustrated by Jonathan Day. Ontario, CA: Published by
Neil Harding McAlister, 2005. p. 118.
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