Da obra “Dikter” (“Poemas”) disponível neste
endereço, selecionamos um deles – de autoria da poetisa finlandesa de expressão sueca,
Edith Södergran –, para abrilhantar este espaço. Edith nasceu em São Petersburgo,
Rússia, e teve uma vida abreviada, pois viveu apenas 31 anos.
Como cheguei ao endereço que acima menciono é uma daquelas circunstâncias que
ocorrem pelo mecanismo do acaso, quando estamos passeando pela internet e, “perguntando”
ao Google sobre o que ele “conhece” sobre a literatura dos países escandinavos,
trouxe-me a pesquisa um rol de ‘sites’ entre os quais constava a aludida recolha
de poemas.
Voltando-nos, agora, de um modo mais detido para o poema em questão, é
quase direta a associação que se pode fazer com as criações de nossos poetas
românticos da fase denominada por “Mal do Século”: há um certo plasma
mortificador nas suas entrelinhas, um desencanto irrefreável com a vida, capaz
de subjugar a própria vontade. Não soa, portanto, tão disparatado que Edith
Södergran tenha expirado tão jovem. Infelizmente.
Uma nota derradeira: Edith amava os gatos e o seu favorito, com quem
aparece abraçada na foto abaixo, denominava-se Totti.
J.A.R. – H.C.
Edith Södergran
(1892-1923)
Livet
Jag, min egen fånge, säger så:
livet är icke våren, klädd i ljusgrön sammet,
eller en smekning, den man sällan får,
livet är icke ett beslut att gå
eller två vita armar,
som hålla en kvar.
Livet är den trånga ringen som håller oss fången,
den osynliga kretsen, vi aldrig överträda,
livet är den nära lyckan som går oss förbi,
och tusende steg vi icke förmå oss att göra.
Livet är att förakta sig själv
och ligga orörlig på botten av en brunn
och veta att solen skiner däruppe
och gyllene fåglar flyga genom luften
och de pilsnabba
dagarna skjuta förbi.
Livet är att vinka ett kort farväl och gå hem och
sova...
Livet är att vara en främling för sig själv
och en ny mask för varje annan som kommer.
Livet är att handskas vårdslöst med sin egen lycka
och att stöta bort det enda ögonblicket,
livet är att tro sig
vara svag och icke våga.
Rainy Spring
Karen Mathison Schmidt (n. 1957)
A Vida
Eu, prisioneira de
mim mesma, assim o digo:
a vida não é a
primavera, adornada de um veludo verde e claro,
tampouco uma carícia,
raramente recebida,
a vida não é uma
decisão de partir,
nem dois braços
brancos que nos retêm.
A vida é o anel
estreito que nos mantém cativos,
o círculo invisível,
jamais transgredido,
a vida é a felicidade
contígua que não percebemos,
e mil passos que não
nos decidimos a dar.
A vida é desprezar a
si mesmo
e quedar-se imóvel no
fundo de um poço
e saber que o sol
brilha mais acima
e pássaros dourados
atravessam o céu
e que os dias passam
rápidos como flechas.
A vida é fazer um
breve gesto de adeus, regressar ao lar e dormir...
A vida é ser um
estranho para si mesmo
e uma nova máscara
para todos os que hão de vir.
A vida é descuidar-se
da própria felicidade
e rejeitar um momento
único,
a vida é crer-se frágil e não aventurar-se.
Referência:
SÖDERGRAN, Edith. Livet. In: __________. Dikter. Borgå (FI): Holger Schildts Förlag, 1916. p. 96-97.
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