Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 21 de setembro de 2014

Amadeu Amaral – Comunhão com a Beleza

A beleza sempre reaparece como tema dos poetas, pois é conteúdo imanente da poesia, assim como esta semelhantemente, em metadiscursos, converte-se em objeto de considerações nos remansos do Parnaso.

Nesse plano, a obra do poeta paulista Amadeu Amaral, 1875-1929, é repleta de criações normativas sobre ambos os temas. Com relação à poesia, já aqui postamos um belo poema em que a metaforiza na figura de uma mulher. Quanto à beleza, transcrevemos, mais ao sul, um dos seis sonetos – exatamente o terceiro – por ele dedicados “a um adolescente”, até onde se pode perceber na referência assinalada, com o nome de Júlio Mesquita Filho.

Há de se “crer” na beleza: como diz Amaral, ela é a “suprema pesquisa” que se há de empreender no universo, eis que se aparta de tudo aquilo que não é sublime.

A acompanhar o soneto, incorporamos duas belíssimas reproduções de pinturas do francês Antoine Blanchard (Marcel Masson), 1910-1988, extraídas do site que lhe dedicaram na internet. Afinal, Paris é uma das cidades mais formosas do mundo. Logo, tudo a ver com esta postagem!

J.A.R. – H.C.
Champs-Élysées
  
Basta crer na Beleza. Ama-a no Cosmos, fora
de ti, e ama-a em ti mesmo. É a suprema pesquisa!
Busca-a. E esculpe teu ser, juntando, hora por hora,
à mente que concebe o escopro que realiza.

Perguntas: – “Onde o metro, a norma, a arte precisa
para rasgar no bloco a forma que se ignora?”
– Quem ao leão deu o ardor com que os desertos pisa?
E quem à águia ensinou a ser do azul senhora?

Tens o instinto voador de quem nasceu com asas.
Ama o que é forte e puro, odeia o que é perverso,
o que é baixo, o que é vil, tudo o que anda de rastros.

E põe-te em comunhão, no entusiasmo em que abrasas,
com a Beleza, esplendor da Vida e do Universo,
com a poesia, os heróis, os abismos e os astros.

Boulevard Haussmann

Referência:

AMARAL, Amadeu. Poesias. 1. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1931. p. 85.

Nenhum comentário:

Postar um comentário