Como já fizemos referência aqui, em
consonância com a máxima de Mallarmé, “Tudo, no mundo, existe para terminar num
livro”. A poetisa Anne Maarit Ghan, de origens finlandesas, parece convalidar a
ideia do autor francês: seu poema “Book of Life” converge, num certo sentido,
para a propositura de um livro que, pela temática, inscreve-se no campo autobiográfico.
Anne, para que nos saiamos bem, dá-nos judiciosos
conselhos, como uma mãe amorosa que vela pelo destino de suas crias. Ela espera
ver poesias joviais nas linhas de nossos livros, nunca passagens desafortunadas!
J.A.R. – H.C.
Book of Life
Book of Life
(Anne Maarit Ghan)
O, mortal man, please realize
each moment of the day
you are an author in disguise.
Don't write your life away.
The plot is mostly up to you –
this you must comprehend.
Your character has much to do,
so please do not pretend.
It's wise to pause and then take stock
of chapters of the past.
Be mindful of the ticking clock,
for time does travel fast.
Once in a while please take a look
if gracious poetry
is written in your precious book
or mournful tragedy.
You'd like to think it's destiny
that guides your pearly pen;
But you should know free agency
is granted to all men.
The cover of your book may be
all tattered and worn out,
but that is not what you should see
or really care about.
What matters are the contents of
your daily diary:
the underlying story of
your life's discovery.
Remember, then, when you awake
each morning, my dear friend,
the steps you take, each choice you make
all matter in the end.
Still Life With Skull
(Harmen Steenwyck: 1612-1656)
Livro da Vida
(Anne Maarit Ghan)
Ó, homem mortal, por
favor perceba
em cada momento do
dia
que você é um
escritor disfarçado.
Não escreva a sua
vida à distância.
A trama diz respeito
sobretudo a você –
isto você deve
compreender.
Seu caráter tem muito
a ver,
então por favor não
dissimule.
É aconselhável fazer
uma pausa e, logo após, um balanço
dos capítulos do
passado.
Esteja consciente do
tic-tac do relógio,
já que o tempo passa
celeremente.
De vez em quando, por
gentileza, dê uma olhada
se uma poesia graciosa
está escrita em seu
precioso livro
ou uma lúgubre
tragédia.
Você gostaria de
pensar que é o destino
que orienta a sua
perolada caneta;
Porém você deve saber
que o livre-arbítrio
é concedido a todos
os homens.
A capa de seu livro
pode ser
toda andrajosa e
gasta,
mas isso não é do que
você deveria cuidar
ou com o que se
preocupar.
O que importa são os
conteúdos de
sua agenda diária:
a história subjacente
da descoberta de sua
vida.
Recorde, então,
quando você desperta
a cada manhã, meu
caro amigo,
os passos a tomar,
cada escolha que faz
toda questão enfim.
Referência:
GHAN, Anne Maarit. Book of life. In: McALISTER, Neil Harding (ed.). New classic poems: contemporary verse that
rhymes. Illustrated by Jonathan Day. Ontario, CA: Published by Neil Harding McAlister, 2005. p. 86.
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