Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 6 de setembro de 2014

Dom Quixote (III): Numa Pompilio Llona

A dar prosseguimento nas postagens sobre o “Cavaleiro da Triste Figura”, trazemos um soneto do equatoriano Numa Pompilio Llona, autor de vasta obra sobre assuntos variados, como religião, estética, filosofia e, claro, poesia.

Note-se que o poema em questão alude ao fato de Cervantes ter-se ferido na mão e no peito, durante a Batalha de Lepanto, em 1571, fato que lhe deixou a mão esquerda inutilizada, o que lhe valeu o epíteto de “Manco de Lepanto”.

J.A.R. – H.C.
Numa Pompilio Llona
(1832-1907)

El Quijote

Con la crédula fe de los infantes
la humanidad por las edades vino,
glorias soñando en su inmortal destino
y quimeras grandiosas y brillantes.

Pero al fin en sus manos anhelantes,
rasgado el velo del ideal divino,
vio al mundo innoble, sórdido y mezquino;
y riendo de dolor surgió Cervantes.

Noble y altiva y a la par grotesca,
amasando la vida con su llanto,
alzó su ambigua estatua quijotesca...

Y del Manco doliente de Lepanto
la acerba carcajada gigantesca
oyen los siglos con secreto espanto...

Quixote e suas Quimeras
(Gravura de Gustave Doré)


O Quixote

Com a crédula fé dos infantes
a humanidade pelas idades veio,
glórias sonhando em seu imortal destino
e quimeras grandiosas e brilhantes.

Porém ao fim em suas mãos anelantes,
rasgado o véu do ideal divino,
viu o mundo ignóbil, sórdido e mesquinho;
e rindo de dor surgiu Cervantes.

Nobre e altiva e ao par grotesca,
amassando a vida com seu pranto,
alçou a sua ambígua estátua quixotesca...

E do Manco dolente de Lepanto
a acerba gargalhada gigantesca
ouvem os séculos com secreto espanto.

Referência:

LLONA, Numa Pompilio. El Quijote. In:  CAPRILE, Margarita A. et al. El libro de los sonetos: antología poética. Buenos Aires (AR): [s.n.], 1910. Disponível neste endereço. p. 126.

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