A dar prosseguimento nas postagens sobre o “Cavaleiro da Triste Figura”,
trazemos um soneto do equatoriano Numa Pompilio Llona, autor de vasta obra
sobre assuntos variados, como religião, estética, filosofia e, claro, poesia.
Note-se que o poema em questão alude ao fato de Cervantes ter-se ferido
na mão e no peito, durante a Batalha de Lepanto, em 1571, fato que lhe deixou a
mão esquerda inutilizada, o que lhe valeu o epíteto de “Manco de Lepanto”.
J.A.R. – H.C.
Numa
Pompilio Llona
(1832-1907)
El Quijote
Con la crédula fe de
los infantes
la humanidad por las
edades vino,
glorias soñando en su
inmortal destino
y quimeras grandiosas
y brillantes.
Pero al fin en sus manos
anhelantes,
rasgado el velo del
ideal divino,
vio al mundo innoble,
sórdido y mezquino;
y riendo de dolor
surgió Cervantes.
Noble y altiva y a la
par grotesca,
amasando la vida con
su llanto,
alzó su ambigua
estatua quijotesca...
Y del Manco doliente
de Lepanto
la acerba carcajada
gigantesca
oyen los siglos con
secreto espanto...
Quixote e suas Quimeras
(Gravura de Gustave Doré)
O Quixote
Com a crédula fé dos
infantes
a humanidade pelas
idades veio,
glórias sonhando em
seu imortal destino
e quimeras grandiosas
e brilhantes.
Porém ao fim em suas
mãos anelantes,
rasgado o véu do
ideal divino,
viu o mundo ignóbil,
sórdido e mesquinho;
e rindo de dor surgiu
Cervantes.
Nobre e altiva e ao
par grotesca,
amassando a vida com
seu pranto,
alçou a sua ambígua
estátua quixotesca...
E do Manco dolente de
Lepanto
a acerba gargalhada
gigantesca
ouvem os séculos com
secreto espanto.
Referência:
LLONA, Numa Pompilio. El Quijote. In: CAPRILE,
Margarita A. et al. El libro de los
sonetos: antología poética. Buenos Aires (AR): [s.n.], 1910. Disponível neste endereço. p. 126.
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