George Santayana é o exantropônimo em inglês pelo qual se designava o
filósofo madrilenho Jorge Agustín Nicolás Ruiz de Santayana y Borrás. Santayana,
mesmo assim, é considerado um homem de letras norte-americano, pois lá viveu
quase quatro décadas.
É dele a famosa frase, a ressoar como um ultimato filosófico: “Aqueles
que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo” (“Those who
cannot remember the past are condemned to repeat it”) (SANTAYANA, 1905, p.
284).
Contudo, seu pensamento, particularmente rico e iluminado por matizes
retóricos, vezes sem conta, deixa-se capturar pelas cintilantes ambivalências
das palavras, desnudando-lhe o perfil de poeta.
E para ilustrar o que se passa na mente desse filósofo-poeta, extraímos
um trecho de sua prosa, no qual se podem constatar os aludidos predicados, catalisados
pelo binômio pascalino “razão x emoção”.
J.A.R. – H.C.
George Santayana
(1863-1952)
Only literature can describe experience for the
excellent reason that the terms of experience are moral and literary from the
beginning. Mind is incorrigibly poetical: not because it is not attentive to
material facts and practical exigencies, but because, being intensely attentive
to them, it [23]turns them into pleasures and pains, and into many-coloured
ideas. Yet at every turn there is a possibility and an occasion for transmuting
this poetry into science, because ideas and emotions, being caused by material
events, refer to these events, and record their order (SANTAYANA, 1933, p.
22-23).
O Andarilho Sobre o Mar de Neblina
Caspar David
Friedrich
(1774-1840)
Somente a literatura
pode descrever a experiência pela excelente razão de que os termos da
experiência são morais e literários desde o início. A mente é incorrigivelmente
poética: não porque não esteja atenta a fatos relevantes e exigências práticas,
senão porque, sendo intensamente atenta a eles, transforma-os em prazeres e
dores, e em ideias multicoloridas. Ademais, a cada esquina há uma possibilidade
e uma oportunidade de essa poesia transmutar-se em ciência, porque as ideias e
as emoções, sendo causadas por eventos relevantes, referem-se a tais eventos e firmam
o seu propósito (SANTAYANA, 1933, p. 22-23).
Referências:
SANTAYANA, George. Locke and the frontiers of common sense. In:
__________. Some turns of thought in
modern philosophy: five essays. New York (US): Charles Scribner’s Sons,
1933. Published under the auspices of The Royal Society of Literature. Printed
in Great Britain. p. 1-26.
SANTAYANA, George. Reason in common sense. Volume One of “The Life of
Reason”. New York (US): Dover Publications, Inc.; 1980 (Unabridged
republication of volume one of “The Life of Reason; or the Phases of Human
Progress”, originally published by Charles Scribner's Sons in 1905).
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