Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Santayana – Giros de Pensamento

George Santayana é o exantropônimo em inglês pelo qual se designava o filósofo madrilenho Jorge Agustín Nicolás Ruiz de Santayana y Borrás. Santayana, mesmo assim, é considerado um homem de letras norte-americano, pois lá viveu quase quatro décadas.

É dele a famosa frase, a ressoar como um ultimato filosófico: “Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo” (“Those who cannot remember the past are condemned to repeat it”) (SANTAYANA, 1905, p. 284).

Contudo, seu pensamento, particularmente rico e iluminado por matizes retóricos, vezes sem conta, deixa-se capturar pelas cintilantes ambivalências das palavras, desnudando-lhe o perfil de poeta.

E para ilustrar o que se passa na mente desse filósofo-poeta, extraímos um trecho de sua prosa, no qual se podem constatar os aludidos predicados, catalisados pelo binômio pascalino “razão x emoção”.

J.A.R. – H.C. 
George Santayana
(1863-1952)

Only literature can describe experience for the excellent reason that the terms of experience are moral and literary from the beginning. Mind is incorrigibly poetical: not because it is not attentive to material facts and practical exigencies, but because, being intensely attentive to them, it [23]turns them into pleasures and pains, and into many-coloured ideas. Yet at every turn there is a possibility and an occasion for transmuting this poetry into science, because ideas and emotions, being caused by material events, refer to these events, and record their order (SANTAYANA, 1933, p. 22-23).

O Andarilho Sobre o Mar de Neblina
Caspar David Friedrich
(1774-1840)

Somente a literatura pode descrever a experiência pela excelente razão de que os termos da experiência são morais e literários desde o início. A mente é incorrigivelmente poética: não porque não esteja atenta a fatos relevantes e exigências práticas, senão porque, sendo intensamente atenta a eles, transforma-os em prazeres e dores, e em ideias multicoloridas. Ademais, a cada esquina há uma possibilidade e uma oportunidade de essa poesia transmutar-se em ciência, porque as ideias e as emoções, sendo causadas por eventos relevantes, referem-se a tais eventos e firmam o seu propósito (SANTAYANA, 1933, p. 22-23).

Referências:

SANTAYANA, George. Locke and the frontiers of common sense. In: __________. Some turns of thought in modern philosophy: five essays. New York (US): Charles Scribner’s Sons, 1933. Published under the auspices of The Royal Society of Literature. Printed in Great Britain. p. 1-26.

SANTAYANA, George. Reason in common sense. Volume One of “The Life of Reason”. New York (US): Dover Publications, Inc.; 1980 (Unabridged republication of volume one of “The Life of Reason; or the Phases of Human Progress”, originally published by Charles Scribner's Sons in 1905).

Nenhum comentário:

Postar um comentário