Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Gandhi – O “Mahatma”

A figura de Gandhi paira sobre as nossas mentes como a do homem que conseguiu libertar a sua Índia milenar do jugo britânico, com a surpreendente proposta de não violência.

Mas, ao que parece, Gandhi não era um nacionalista radical, isso porque era capaz de ver a humanidade inteira na figura do oponente. Parecia-lhe saudável o contato com outras culturas, fundamentado no respeito mútuo, no convívio pacífico com as diferenças, na manutenção criteriosa das tradições de cada povo, seus idiomas, sua ordem ética e social.

Reconhecia ele, além desse direito à diversidade cultural, muitos dos requerimentos presentes nas pautas contemporâneas, associadas à necessidade de reconhecimento, de afirmação, de identidade, seja étnica seja religiosa ou outras quaisquer.

O excerto abaixo que escolhemos para ilustrar essa visão que, hoje, denominamos multicultural – exatamente o de nº 729 da obra em referência –, é datado de 1º de junho de 1921, e se encontra à pág. 170 do tomo original “Young India”, com recolhas dos escritos de Gandhi entre 1919 e 1932.

Gandhi faz particular menção ao aprendizado do inglês, pois, decerto, via na cultura da Inglaterra, nomeadamente em sua literatura, um acervo de obras clássicas que poderia ser traduzido para as línguas faladas na Índia, em proveito e para deleite daquele numeroso povo.

J.A.R. – H.C. 
Mahatma Gandhi
(1869-1948)

The Future Culture of India

I do not want my house to be walled in on all sides and my windows to be stuffed. I want the cultures of all lands to be blown about my house as freely as possible. But I refuse to be blown off my feet by any. I would have our young men and women with literary tastes to learn as much of English and other world-languages as they like, and then expect them to give the benefits of their learning to India and to the world like a Bose, a Roy or the Poet himself. But I would not have a single Indian to forget, neglect or be ashamed of his mother tongue, or to feel that he or she cannot think or express the best thoughts in his or her own vernacular. Mine is not a religion of the prison-house.

My World: Three Art Tasks to do
Before the New Year
(Karen Margulis)

A Cultura Futura da Índia

Não quero que minha casa seja cercada de muros por todos os lados, tampouco que suas janelas sejam tapadas. Quero que as culturas de todos os lugares sejam sopradas para o seu interior tão livremente quanto possível. Mas recuso-me a ser dela desapossado por qualquer outra. Gostaria de ver nossos jovens amantes da literatura estudando com determinação o inglês e outros idiomas do mundo que lhes interessem, e então esperar que trouxessem os benefícios desse aprendizado para a Índia e para o mundo, como um Bose, um Roy ou um poeta por estatura própria. Mas não apreciaria ver um único indiano esquecer, negligenciar ou se envergonhar de sua língua materna, ou julgar que ela é imprópria para pensar ou expressar as suas melhores ideias em seu próprio vernáculo. Minha religião não é tal que faça da casa uma prisão.

Referência:

GANDHI. M. K. The Future Culture of India. In: __________. Selections from Gandhi. Selections by Nirmal Kumar Bose. Ahmedabad (IN): Navajivan Publishing House, 1948, p. 267.

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