OSAKA - JAPÃO
“Shimamura
lançou o olhar em direção a ela, porém baixou a cabeça de imediato. O espelho
refletia o branco da neve, a demarcar o seu rosto de faces coradas. Havia uma
beleza indescritivelmente pura no contraste. O sol já estava alto? O brilho da
neve, bem mais intenso, parecia agora queimar friamente. Contra ele, o seu cabelo
mostrou-se mais nitidamente negro, levemente cromatizado com detalhes púrpura. Shimamura
não sabia se o que o havia deslumbrado era o primeiro brilho de sol contra a
neve ou a beleza incrível daquele contraste entre mulher e natureza” (KAWABATA,
1981, p. 48).
“A
gueixa da montanha não pertencia exatamente à classe dos párias sociais, embora
não tivesse a aura social da gueixa da cidade, que poderia ser uma consumada
artífice da arte da dança, da música, da intriga política e até do mecenato
cultural. A gueixa da montanha concentrava-se em entreter os hóspedes das
pousadas, e a distância que, em relação a ela, separava os atributos de artista
ou de uma cocote era bem mais sutil. Embora, às vezes, pudesse se unir em matrimônio
a um conviva de idade, ou mesmo o convencesse a abrir-lhe um restaurante ou uma
casa de chá, no geral, a possibilidade de que migrasse de terma em terma, de
pousada a pousada, tornando-se, a cada mudança, cada vez menos desejada, convertia-a
num símbolo particularmente pungente de desperdício, de decadente beleza” (SEIDENSTICKER,
1981, p. vi).
Referências:
KAWABATA, Yasunari. Snow country. Translated by Edward G. Seidensticker. Nova York: Perigee
Books, 1981.
SEIDENSTICKER, Edward G. Introduction. In: KAWABATA,
Yasunari. Snow country. Translated
by Edward G. Seidensticker. Nova York: Perigee Books, 1981. p. v-x.
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