ALÉM DOS MUROS
Sou todas as pessoas de sucesso que não pude ser,
O assombroso em mim, de tão simples e sereno.
Mas só, percorrendo as estepes destas cercanias,
Num vaticínio de homem-lobo que me abraça desde o berço.Contudo, não sou um homem-lobo, senão tão-somente um homem,
A prodigalizar o silêncio nas comportas das emoções sem fim:
Cúmplice de mim mesmo, dúplice para me entender tão franco;
Hóspede para abrigar a torrente dos lídimos sentimentos humanos.
Sou a obstinada pupila a preservar, como num giroscópio,
O contorno indelével das palavras e das criações concretas ...
Que num esforço posso compelir o meu coração a retê-las,
Para cimentar um nobre universo, de paixão e de viés imortal.
Mas não sou nada disso, já que sendo complexo sou apenas um.
Tenho forma humana e, por isso, ouvidos e olhos atentos,
Para percorrer a terra até as muralhas que dividem as cidades,
E fazer ver que, em todas as diferenças, há o universo unido pelo amor.
(JAR-HC)
Nenhum comentário:
Postar um comentário