Reproduzo, aqui, parte do poema "Sonho de um Sonho", do poeta Carlos Drummond de Andrade, no qual o itabirano, negando o sonho, por distinto da realidade, busca contornar o quadro de pesadelo que se observa nesta última:
SONHO DE UM SONHO
(...)
"Sonhava, ai de mim, sonhando
que não sonhara ...
Mas via
na treva em frente a meu sonho,
nas paredes degradadas,
na fumaça, na impostura,
no riso mau, na inclemência,
na fúria contra os tranqüilos,
na estreita clausura física,
no desamor à verdade,
na ausência de todo o amor,
eu via, ai de mim, sentia
que o sonho era sonho, e falso".
Indubitavelmente o autor incita seus pares a zelar pelos valores positivos da clemência e da verdade, verdade essa que, ao sobejar em problemático conteúdo, leva-o a parafraseá-la:
A MÁQUINA DO MUNDO
(...)
"O que procuraste em ti ou fora de
teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,
olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,
essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo
se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste ... vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo".
(JAR/HC)teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,
olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,
essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo
se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste ... vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo".
Que belas passagens, não ?! 100% poesia ! O que pensa você sobre elas ?
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