I. INFORMAÇÕES GERAIS
Findo mais um Campeonato Brasileiro de futebol profissional, com o Flamengo do Rio de Janeiro sagrando-se campeão - diga-se extraoficialmente "hexacampeão" para alguns, oficialmente "pentacampeão" para outros, neste último caso em atenção à decisão judicial transitada em julgado relativamente ao título de 1987, atribuído ao Sport-PE -, sumariamos, a seguir, alguns pontos que julgamos importantes:
(i) o campeão Flamengo não foi nem o time com o melhor ataque (Grêmio - 1º - 67 gols / Flamengo - 6º - 58 gols), nem o de melhor defesa (São Paulo - 1º - 42 gols / Flamengo - 2º - 44 gols);
(ii) Grêmio e Internacional apuraram o melhor saldo de gols, ou seja, 21, sendo que o Colorado terminou em 2º e o Tricolor em 8º;
(iii) Flamengo e Internacional obtiveram o maior número de vitórias, 19 ao todo;
(iv) Flamengo e São Paulo foram os times com menor número de derrotas, 9 ao todo;
(v) o Flamengo tornou-se o campeão com o menor aproveitamento na época dos pontos corridos, vale dizer, 58,77%.;
(vi) considerando as dez últimas rodadas, o Flamengo teve o melhor aproveitamento, com 8 vitórias, 1 empate e 1 derrota (25 pontos), seguido pelo Fluminense, que nesse mesmo período permaneceu invicto, com 7 vitórias e 3 empates (24 pontos);
(vii) o Cruzeiro foi o melhor visitante, com 56,14% de aproveitamento (32 pontos), enquanto o Grêmio foi o de melhor desempenho em casa, com 82,46% (47 pontos); e
(viii) Palmeiras e Internacional apresentaram o melhor aproveitamento no turno, com 64,91% (37 pontos), enquanto Flamengo e Cruzeiro sobressaíram no returno, com 70,18% (40 pontos).
II. VALE A PENA TER UMA BOA ESTRUTURA
O quadro apresentado abaixo sintetiza o rol de todos os times que ficaram entre o 1º e o 4º lugares, ao longo de todos os campeonatos brasileiros, desde 1971 até 2009:
Por meio dele se observa um dado importante: São Paulo e Internacional, reconhecidamente os clubes com melhores estruturas do futebol brasileiro, posicionam-se, respectivamente, em primeiro e segundo lugares, seguidos por outros times que, de mesmo modo, também possuem estruturas consistentes, embora não comparáveis, num primeiro plano, às daqueles.
Consigne-se, por exemplo, que o São Paulo, em 2010, participará de sua 7ª Copa Libertadores consecutiva, fato inédito na história dos grandes clubes pátrios. Tal fato não poderia ser também atribuível à sua estrutura ?
Apresentando-se os mesmos dados anteriores, dispostos agora pelas Unidades da Federação, o que resulta é o seguinte:
Consigne-se, por exemplo, que o São Paulo, em 2010, participará de sua 7ª Copa Libertadores consecutiva, fato inédito na história dos grandes clubes pátrios. Tal fato não poderia ser também atribuível à sua estrutura ?
Apresentando-se os mesmos dados anteriores, dispostos agora pelas Unidades da Federação, o que resulta é o seguinte:
Ou seja: uma supremacia dos times do Estado de São Paulo, com números totais que quase alçam ao dobro dos do Rio de Janeiro, os deste mais próximos dos do Rio Grande Sul e de Minas Gerais.
III. PELA MANUNTENÇÃO DA FORMA DE PONTOS CORRIDOS
Por fim, propugnamos pela manutenção da atual forma de pontos corridos para o Campeonato Brasileiro, pois ela reforça a necessidade de que os clubes se estruturem melhor, uma vez que se trata de certame longo e difícil, a exigir mais do que simples preparação circunstancial como as requeridas para torneios, como a Copa do Brasil, esta sim uma disputa que pode bem permanecer como está.
Muito já se disse que a forma de pontos corridos leva a um trânsito interminável de "malas" voando sobre o território do país, mas ponderemos que há uma falácia incontornável nos argumentos de que quem defende o contrário, senão vejamos: (1) para se fazer que um terceiro vença adversários diretos contra quem se luta, há de se abrir a denominada "mala branca" capaz de favorecer uma equipe inteira, coisa que, convenhamos, não é tão fácil assim, ainda mais com a estrutura deficitária de muitos dos clubes que participam do torneio; (2) de modo similar, caso se queira que o time contendor "amoleça" o jogo, a "mala negra" há de corromper alguns jogadores, como o o goleiro ou alguns zagueiros; (3) entretanto, se a regra é o mata-mata, basta se corromper apenas um partícipe do jogo, nada menos que o árbitro ! E então, pergunta-se, o que seria menos difícil ou oneroso e, portanto, mais fácil de ser levado avante: corromper um, corromper alguns ou estimular muitos ?
Alguns poderiam argumentar que os clubes com mais recursos disponíveis poderiam lançar mão das malas, com certa frequência, para favorecer-lhes no sistema de pontos corridos, em detrimento dos demais, os quais ficariam limitados em suas pretensões, em razão da escassez de seus recursos. Ora, ora: o negócio então seria "democratizar" a desfaçatez, com o sistema de mata-mata, estando praticamente todos ao alcance de manipular o resultado pela "compra" de um certo senhor juiz ! E então às favas o comportamento ético no esporte !
Claro está que não defendo, em absoluto, que tais fatos devam acontecer naturalmente, como se fosse um "produto" a ser obtido num mercado concorrencial de "demanda x oferta". Mas, de fato, a história de nosso futebol é farta de exemplos a demonstrar que "forças ocultas" - não digo "esotéricas" (rs) ! - sempre estiveram à ronda pela defesa dos interesses de quem ousou nelas apostar !
Alguns poderiam argumentar que os clubes com mais recursos disponíveis poderiam lançar mão das malas, com certa frequência, para favorecer-lhes no sistema de pontos corridos, em detrimento dos demais, os quais ficariam limitados em suas pretensões, em razão da escassez de seus recursos. Ora, ora: o negócio então seria "democratizar" a desfaçatez, com o sistema de mata-mata, estando praticamente todos ao alcance de manipular o resultado pela "compra" de um certo senhor juiz ! E então às favas o comportamento ético no esporte !
Claro está que não defendo, em absoluto, que tais fatos devam acontecer naturalmente, como se fosse um "produto" a ser obtido num mercado concorrencial de "demanda x oferta". Mas, de fato, a história de nosso futebol é farta de exemplos a demonstrar que "forças ocultas" - não digo "esotéricas" (rs) ! - sempre estiveram à ronda pela defesa dos interesses de quem ousou nelas apostar !
Para se pensar ...
Um grande abraço.
(JAR/HC)
Ter boa estrutura é fundamental, não apenas para disputar títulos, mas para faturar ($) também. Quem patrocina clube desorganizado, com frequentes escândalos?
ResponderExcluirContudo, o quadro com as posições de 71 a 2009 trata da mesma forma do 1º ao 4º lugar, o que provoca resultados no mínimo discutíveis. Assim, você realmente acredita que o Atlético Mineiro é um clube mais organizado do que o Corinthians? E os dois estão melhores do que o Cruzeiro?
O Fluminense, com diversos rebaixamentos, viradas-de-mesa (tem hifen?) é o melhor dos cariocas?
Você deveria adotar uma ponderação conforme o lugar que o time terminou e criar um redutor com os rebaixamentos (rs).
Quanto aos pontos corridos, até parece que no mata-morre-nasce-sei-lá-o-quê que já inventaram ao logo dos anos, não ocorria a mesma situação. Na última rodada da fase classificatória vários times não tinham mais chance e jogavam só com os gandulas.
ResponderExcluirA Globo que anda fazendo pressão pra muldar o regulamento e esses jornalistas que cobrem futebol que são piores do que os jogadores em termos de massa encefálica.
Caro Wilson,
ResponderExcluirObviamente, os quadros que sintetizei não têm valor de demonstração absoluta, mas são meramente indiciários de que alguma coisa há que catapulta para cima exatamente os dois clubes com melhores estruturas no futebol brasileiro. Minha arguição é apenas de que isso não constitui mero acaso, penso eu.
Um abraço.
(JAR/HC)