Neste derradeiro dia de 2013, presto homenagem ao "Ano Velho" com um
poema do britânico Alfred Tennyson (1809-1892), transcrito aqui em seu original
em inglês, logo após a tradução deliberadamente franca que apresento abaixo, pela
qual peço a indulgência dos leitores em razão da ampla liberdade adotada, tão
liberal que em determinados pontos acabo por afastá-la do original. Mas tudo em
busca de maior conforto e fluência do texto em português. Espero
que tenha valido a pena (rs).
J.A.R. –
H.C.
A
Morte do Ano Velho
Há neve até os joelhos em toda
parte,
E os ventos do inverno suspiram
exaustivamente;
Dobra, a todos, o dolente e
moroso sino da igreja,
A avançar suavemente e a falar
baixinho,
Ao moribundo Ano Velho.
Ano Velho, você não deve morrer;
Você veio até nós assim tão
prontamente,
Você conviveu conosco de modo inabalável,
Ano Velho, você não há de morrer.
Ele ainda jaz sem mover-se;
Não presenciará o alvorecer do
próximo dia.
Negaram-lhe sobrevida.
Ele me trouxe amigo e verdadeiro amor,
Que serão levados para bem longe pelo
Ano Novo.
Ano Velho, você não deve partir;
Pelo tempo em que você nos fez
companhia,
Tantas alegrias você desfrutou
conosco,
Ano Velho, você não há de partir.
Ele espumejou os seus
amortecedores até a borda;
Um
ano mais venturoso não tornaremos a ver.
Mas ainda que seus olhos estejam gradativamente
turvos,
E mesmo a despeito de seus
oponentes falarem mal dele,
Ele
foi um grande amigo para mim.
Ano
Velho, você não há de morrer;
Nós
rimos e choramos com você,
Para
fenecer com você tenho metade da mente,
Ano
Velho, se você tiver que morrer.
Ele era pleno de graça e malícia,
Mas todos os seus joviais gracejos
são demais.
Para vê-lo perecer, nos
estertores,
Seu filho e acaso herdeiro cavalga
apressadamente,
Embora seu passamento lhe
anteceda.
Cada qual agindo autonomamente.
A
noite está estrelada e fria, meu caro,
E
o Ano Novo, lépido e audaz, amigo,
Vem
para tomar a sua vez.
Quão difícil ele respira sobre a
neve!
Justo neste momento eu ouvi o
galo cantar.
As sombras bruxuleiam de lá para
cá;
Os grilos chilreiam; a luz arde
fracamente;
Já
é quase meia-noite.
Agite
as mãos, antes de morrer.
Ano
Velho, iremos pranteá-lo bastante;
O
que podemos fazer por você?
Diga-nos
antes de expirar.
Seu rosto está se tornando
crispado e descarnado.
Alack! Nosso amigo se foi, meu caro,
Feche-lhe os olhos; ampare-lhe o mento;
Afaste-se dos despojos; deixe-o
que permaneça ali sozinho,
E vá esperar à porta.
Há
um novo pé sobre o solo, caríssimo,
E
um novo rosto à porta, meu amigo,
Um
novo rosto à porta.
VIZETELLY,
Henry; FOSTER, Miles Birket. Christmas
with the poets. London, UK: David Bogue, 1851. p. 188-189.
The Death of the Old Year
Full knee-deep
lies the winter snow,
And the winter winds are wearily sighing;
Toll ye
the church-bell sad and slow,
And tread
softly, and speak low,
For the Old year lies a-dying.
Old year
you must not die;
You came
to us so readily,
You lived
with us so steadily,
Old year, you shall not die.
He lieth
still; he doth not move;
He will not see the dawn of day.
He hath
no other life above.
He gave
me a friend and a true, true love,
And the New year will take ’em away.
Old year, you must not go;
So long
you have been with us,
Such joy
as you have seen with us,
Old year,
you shall not go.
He frothed
his bumpers to the brim;
A jollier year we shall not see.
But though
his eyes are waxing dim,
And though
his foes speak ill of him,
He was a friend to me.
Old year,
you shall not die;
We did so
laugh and cry with you,
I've half
a mind to die with you,
Old year,
if you must die.
He was
full of joke and jest,
But all his merry quips are o’er.
To see
him die, across the waste
His son
and heir doth ride post-haste,
But he’ll be dead before.
Every one
for his own.
The night
is starry and cold, my friend,
And the
New year blithe and bold, my friend,
Comes up
to take his own.
How hard
he breathes! over the snow
I heard just now the crowing cock.
The
shadows flicker to and fro;
The cricket
chirps; the light burns low;
'T is nearly twelve o'clock.
Shake
hands, before you die.
Old year,
we'll dearly rue for you:
What is
it we can do for you?
Speak out
before you die.
His face
is growing sharp and thin.
Alack! our friend is gone,
Close up
his eyes; tie up his chin;
Step from
the corpse, and let him in
That standeth there alone,
And
waiteth at the door.
There's a
new foot on the floor, my friend,
And a new
face at the door, my friend,
A new face
at the door.
Nenhum comentário:
Postar um comentário