Natal Chique
Percorro o dia, que esmorece
nas ruas cheias de rumor;
minha alma vã desaparece
na muita pressa e pouco amor.
Hoje é Natal. Comprei um anjo,
dos que anunciam no jornal;
mas houve um etéreo desarranjo
e o efeito em casa saiu mal.
Valeu-me um príncipe esfarrapado
a quem dão coroas no meio disto,
um moço doente, desanimado...
Só esse pobre me pareceu Cristo.
Referência:
Salvado, António. Anunciação
e Natal na poesia
portuguesa. Lisboa: Polis, 1969. p. 189.
J.A.R. – H.C.
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