Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O Filho do Homem - Vinicius de Moraes

Sem muitas palavras, mas tão apenas sentimentos: o “poetinha” resume a historinha do Natal e parece pedir que ela finde logo, porque sendo triste a estação, solicita ao infante que apresse em erguer-se.


O Filho do Homem

O mundo parou
A estrela morreu
No fundo da treva
O infante nasceu.

Nasceu num estábulo
Pequeno e singelo
Com boi e charrua
Com foice e martelo.

Ao lado do infante
O homem e a mulher
Uma tal Maria
Um José qualquer.

A noite o fez negro
Fogo o avermelhou
A aurora nascente
Todo o amarelou.

O dia o fez branco
Branco como a luz
À falta de um nome
Chamou-se Jesus.

Jesus pequenino
Filho natural
Ergue-te, menino
É triste o Natal.

[Natal de 1947]

Referência:

MORAES, Vinicius de. Antologia poética.
São Paulo: Companhia das Letras, 1002.
p. 210-211.

J.A.R. – H.C.

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