O leitor
deste blog pode bem aferir, pela descrição de meu perfil, postado à sua
esquerda superior, que tenho particular apreço às pessoas que expressam com
brilho as suas ideias, por mais contraditórias ou excêntricas que sejam.
Mais do que pugnar
por qualquer pretensão de verdade, sou afeiçoado ao modo como o pensamento é
expresso pelos interlocutores. Há formas cultivadas de se manter uma conversação,
e o padrão britânico que, com frequência, é veiculado pelo cinema ali produzido,
não deixa de nortear o comportamento dito civilizado, pelo menos aqui pelas
bandas ocidentais.
Claro está
que não sou fleumático como os ingleses. Antes, sou sanguíneo, latino, birrento
às vezes. Mas jamais perco a visão do conjunto e do que é importante. E para
mim, tal como a beleza para o poeta Vinicius de Moraes, vivacidade de intelecto
é fundamental!
E aqui
resgato uma passagem que Theodore Zeldin, em sua obra “Uma História Íntima da
Humanidade”, atribui ao artista renascentista italiano Michelangelo Buonarroti,
famoso pintor dos afrescos da Capela Sistina, no Vaticano, e que, até certo
ponto, se adéqua ao meu jeito de apreciar a beleza:
De todos os viventes, sou o mais
inclinado a amar pessoas. Onde quer que encontre alguém com certo talento ou
mostras de agilidade mental, capaz de fazer ou dizer algo mais expressivamente
que o resto da humanidade, vejo-me compelido a me apaixonar e me dedico de
forma tão intensa que já não me pertenço mais, mas a ele, e totalmente
(MICHELANGELO apud ZELDIN, 2008, p. 155-156).
O parágrafo
acima, que serviu de mote para este ‘post’, pertence ao desenvolvimento da
seção que, no livro, se intitula “Como o desejo dos homens pelas mulheres, e
por outros homens, mudou ao longo dos séculos”. O internauta atento pode
inferir o que este blogueiro andou a deduzir das linhas de argumentação do
texto: atração homossexual como corolário de atração intelectual. Afinal,
Michelangelo, se a tradução estiver correta, afirma, ao fim, que não mais se
pertence, mas a ele (e por que não a ela?) por paixão que adjetiva como
avassaladora.
Não chego a
tanto: da forma como usufruo as coisas, não há interseções ou detrimentos
ontológicos, mas apenas exercícios de admiração. A beleza pode estar lá... e eu
aqui! (rs).
J.A.R. –
H.C.
REFERÊNCIA:
ZELDIN,
Theodore. Uma história íntima da
humanidade. Tradução de Hélio Pólvora. Rio de Janeiro: BestBolso, 2008.
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