Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O Brilho Intelectual como Fator de Atração

O leitor deste blog pode bem aferir, pela descrição de meu perfil, postado à sua esquerda superior, que tenho particular apreço às pessoas que expressam com brilho as suas ideias, por mais contraditórias ou excêntricas que sejam.

Mais do que pugnar por qualquer pretensão de verdade, sou afeiçoado ao modo como o pensamento é expresso pelos interlocutores. Há formas cultivadas de se manter uma conversação, e o padrão britânico que, com frequência, é veiculado pelo cinema ali produzido, não deixa de nortear o comportamento dito civilizado, pelo menos aqui pelas bandas ocidentais.

Claro está que não sou fleumático como os ingleses. Antes, sou sanguíneo, latino, birrento às vezes. Mas jamais perco a visão do conjunto e do que é importante. E para mim, tal como a beleza para o poeta Vinicius de Moraes, vivacidade de intelecto é fundamental!

E aqui resgato uma passagem que Theodore Zeldin, em sua obra “Uma História Íntima da Humanidade”, atribui ao artista renascentista italiano Michelangelo Buonarroti, famoso pintor dos afrescos da Capela Sistina, no Vaticano, e que, até certo ponto, se adéqua ao meu jeito de apreciar a beleza:

De todos os viventes, sou o mais inclinado a amar pessoas. Onde quer que encontre alguém com certo talento ou mostras de agilidade mental, capaz de fazer ou dizer algo mais expressivamente que o resto da humanidade, vejo-me compelido a me apaixonar e me dedico de forma tão intensa que já não me pertenço mais, mas a ele, e totalmente (MICHELANGELO apud ZELDIN, 2008, p. 155-156). 


O parágrafo acima, que serviu de mote para este ‘post’, pertence ao desenvolvimento da seção que, no livro, se intitula “Como o desejo dos homens pelas mulheres, e por outros homens, mudou ao longo dos séculos”. O internauta atento pode inferir o que este blogueiro andou a deduzir das linhas de argumentação do texto: atração homossexual como corolário de atração intelectual. Afinal, Michelangelo, se a tradução estiver correta, afirma, ao fim, que não mais se pertence, mas a ele (e por que não a ela?) por paixão que adjetiva como avassaladora.

Não chego a tanto: da forma como usufruo as coisas, não há interseções ou detrimentos ontológicos, mas apenas exercícios de admiração. A beleza pode estar lá... e eu aqui! (rs).

J.A.R. – H.C.

REFERÊNCIA:

ZELDIN, Theodore. Uma história íntima da humanidade. Tradução de Hélio Pólvora. Rio de Janeiro: BestBolso, 2008.

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