Jogando um futebol aplicado, com
determinação e maior poder de finalização que o seu adversário, além de contar
com boa dose de sorte, a Seleção Canarinho mostrou a sua força, com poder de
recuperação que nem o mais otimista de seus torcedores seria capaz de imaginar.
O resultado de ontem, Brasil 3 x
0 Espanha, pode assombrar aqueles que não assistiram ao jogo. Mas, no plano das
meras propensões, a julgar pelo ocorrido em semifinais de torneios
internacionais, era quase certo que, ao fim, a Amarelinha lograsse tal êxito.
Digo isso pautado no histórico de
jogos em que times, contra os quais seus adversários pelejaram na semifinal até
a prorrogação do jogo, acabaram por ter sucesso na decisão, no mais das vezes
com placares elásticos. Senão vejamos:
- Copa de 70: semifinal em que a Itália jogou prorrogação contra a Alemanha e, na final, perdeu para o Brasil por 4 x 1;
- Copa de 82: semifinal em que a Alemanha pelejou na prorrogação contra a França e, ao final, sucumbiu por 3 x 1 para a Itália; e
- Copa de 98: semifinal em que o Brasil jogou prorrogação contra a Holanda e, na final, caiu fragorosamente para a França por 3 x 0;
Portanto, os 3 x 0 de ontem não
chegam a ser, assim, tão inesperados.
Quanto ao futebol jogado pela
Espanha, parece-me que chegou ao limite de suas possibilidades, pautadas estas pela
proposta de toque de bola à exaustão. Perceba-se que o Barcelona, base do time
europeu, já passou, neste ano, a sua segunda temporada sem chegar às finais da
Copa dos Campeões.
Tal fato sugere que os seus
adversários atingiram um ponto de acomodação para sustentar quaisquer pressões
por posse de bola, tornando-se mais eficazes – e aqui vai um termo com o sentido bem afeito à esfera da administração!
– que o elenco catalão, no plano das finalizações ao gol.
Com efeito, é eloquente os 7 x 0,
no placar agregado, imposto recentemente pelo Bayern de Munique ao Barcelona,
como que a ratificar a tese de que este, sem contar com a contribuição decisiva
de Messi, nivela-se a qualquer outro time. Aliás, é notória a contribuição do
argentino para as conquistas do Barcelona: sem ele, pouco ou nada feito!
Entretanto, não é bem assim: o
Barcelona e, por extensão, a seleção espanhola, detém ainda um poder de toque de
bola incontrastável, embora prescinda de poder de ataque para materializar no
placar a sua supremacia. Isto é: trata-se de um time eficiente, com limitada
eficácia. Os números da Copa de 2010 confirmam essa hipótese: venceu três
mata-matas por 1 x 0, inclusive a final contra a Holanda.
Transitando agora para o material
humano disponível, nota-se que o elenco espanhol, sob a ótica deste observador,
possui apenas dois jogadores acima da média: Iniesta e Xavi. Os demais
jogadores são atletas com perfil normal. É o mencionado toque de bola que faz a
força de seu envolvente futebol.
Por fim, resta um derradeiro
comentário: o fato de o Brasil haver vencido a Copa das Confederações 2013 não
o torna favorito para a Copa de 2014. Faltam ainda, a serem melhor
analisadas, as seleções da Alemanha e da própria Argentina. Brasil, Itália e
Espanha bem já o vimos!
Esperemos até lá.
J.A.R./H.C.
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