O
Fatal
Ditoso o vegetal, que é apenas
sensitivo,
e mais a dura pedra, esta porque nem
sente,
pois não há dor maior do que a dor
de estar vivo,
nem maior aflição do que a vida
consciente.
Ser, e não saber nada, e ser sem
rumo, a esmo,
e o temor de haver sido, e um futuro
terror...
E o firme espanto de estar morto
amanhã mesmo,
e sofrer pela vida e pela sombra e
por
aquilo que, ignorando, apenas
suspeitamos,
pela carne a tentar com seus frescos
racimos,
pela tumba que aguarda com seus
fúnebres ramos,
e não sabermos aonde vamos,
nem donde vimos...
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda
(Sel. e Trad.). Grandes vozes líricas
hispano-americanas. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. p. 371.
J.A.R. - H.C.
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