Despertares
Ó despertares de
manhãs provincianas
com chamadas para a
missa,
em que os sinos vão
lentos ou violentos
conforme a pressa
do sacristão!
Madrugadas em que
estão
com sol,
unicamente,
a torre paroquial e
o campanário;
mas ao meio-dia
as ruas, os
subúrbios, como a via,
se atapetam de um
ouro coronário.
Compaginadas à
janela órfã
à qual a alma não
assomará,
porque aquele já
não veio,
porque aquele
voltou a meio do caminho
e aquele já não
virá;
compaginadas vão
as silenciosas
sestas
em que o vento não
corre.
Tão caladas que se
ouve até o arrulho
das pombas lá na
torre.
Casamenteiras
visões
de amplas casas
solteironas:
geleias, e goiabadas
que sabem a mel de
abelhas;
suaves doces em
calda
guardados na
despensa a sete chaves.
O caseiro lindante
com o triste:
as histórias
caladas,
as janelas
fechadas,
o pátio onde a
umidade inda persiste,
os corredores
amplos e achatados,
gatos intrometidos
e mimados,
e canários mais louros do
que o alpiste.
Referência:
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (Seleta e Tradução). Grandes vozes líricas hispanoamericanas. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. p. 97-99.
J.A.R. - H.C.
Referência:
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (Seleta e Tradução). Grandes vozes líricas hispanoamericanas. Edição bilíngue. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. p. 97-99.
J.A.R. - H.C.
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