Proémio
Em nome
daquele que a si mesmo se criou!
De toda
eternidade em ofício criador;
Em nome
daquele que toda a fé formou,
Confiança,
atividade, amor, vigor;
Em nome
daquele que, tantas vezes nomeado,
Ficou sempre
em essência imperscrutado:
Até onde o
ouvido e o olhar alcançam,
A ele se
assemelha tudo o que conheces,
E ao mais
alto e ardente voo do teu ’spírito
Já basta esta
parábola, esta imagem;
Sentes-te
atraído, arrastado alegremente,
E, onde quer
que vás, tudo se enfeita em flor:
Já nada
contas, nem calculas já o tempo,
E cada passo
teu é já imensidade.
Que Deus
seria esse então que só de fora impelisse,
E o mundo
preso ao dedo em volta conduzisse!
Que Ele,
dentro do mundo, faça o mundo move-se,
Manter Natureza em Si, e em Natureza manter-Se,
De modo que
ao que nele viva e teça e exista
A sua força e
o seu gênio assista.
Dentro de nós
há também um Universo;
Daqui nasceu
nos povos o louvável costume
De cada qual
chamar Deus, mesmo o seu Deus,
A tudo aquilo
que ele de melhor em si conhece,
Deixar à Sua
guarda céu e terra.
Ter-lhe
temor, e talvez mesmo – amor.
Referência:
GOETHE, J. W. Proémio. In: __________. Poemas - Antologia. Versão Portuguesa, Notas e Comentários: Paulo Quintela; 4. ed. Coimbra: Centelha – Promoção do Livro, SARL, 1986. Poesia / Autores Universais - 1. p. 227 e 229.
H.C./J.A.R.
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