Ao assistir o filme "Amantes" de James Gray, ao final de 2009, fiquei com a sensação de haver presenciado reprises de alguns pontos já desenvolvidos por outros diretores, seja no melhor seja no pior do que se poderia reproduzir em termos cinematográficos.
A historinha de personagens que sofreram um trauma juvenil ou baque amoroso, sentimental ou de outra ordem é tão recorrente no cinema americano que o flerte destes com a morte, via tentativa de suicídio, já não causa qualquer sensação de espasmo no espectador mais experiente. Relembre-se, por exemplo, o papel interpretado por Timothy Hutton em "Gente como a Gente", filme ganhador do Oscar em 1981, dirigido por Robert Redford, a partir de roteiro adaptado ao livro "Ordinary People", de Judith Guest. Poder-se-ia, nesse caso, parodiar a chamada constante no cartaz de "Amantes": o melhor drama americano do ano ...
As alternâncias afetivas de Leonard (Joaquin Phoenix), ora com Michelle Rausch (Gwyneth Paltrow) ora com Sandra Cohen (Vinessa Shaw), tem tantas reviravoltas quantas as necessárias para levar o filme ao decurso de tempo requerido para fazer crer a quem o assiste de que Leonard terminará com Michelle. Mas não: terminará mesmo é com Sandra. Resenhando: duas mulheres em disputa por um homem indefinido e problemático, espécie eloquente de herói picaresco menor !
Paralelos ? Preferível a adaptação primorosa de Luchino Visconti para "Noites Brancas", do texto homônimo de Dostoiévski, com inversão no diferencial em disputa: dois homens - um dos quais nada menos que Marcelo Mastroianni - por uma mesma dama. E Mastroianni não levará a melhor, como se poderia supor a princípio.
Por conseguinte, não consegui inferir as razões pelas quais os críticos têm cotado a película em questão com quatro estrelas. Somente eles poderão dizê-lo ! Quanto a mim, no estoque considerável de filmes presenciados, apenas mais um !
(JAR/HC)
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