Quando, ainda em 1975, Alan Parsons lançou o compacto de abertura de seu projeto para divulgação do "rock progressivo" - o denominado Alan Parsons Project -, jamais imaginaria que poderia criar um disco à altura da fama que lhe sobreveio por haver também produzido uma das mais inesquecíveis obras do grupo Pink Floyd, qual seja, The Dark Side of the Moon.
Referimo-nos a Tales of Mystery and Imagination, com letras e músicas livremente concebidas à luz dos contos de horror e de suspense de Allan Poe, que se mantém como um meritório contributo à memória do autor americano.
Percebe-se, já na própria apresentação da faixa inicial A Dream a Within a Dream, a pretensão de transformar em música certas "fantasias delicadas" que, por não constituírem pensamentos, são irredutíveis aos signos linguísticos, como se fossem, mesmo num plano de realidade, um sonho imbricado em outro sonho.
Outras duas faixas fazem referência direta a dois dos mais famosos contos de Poe - The Raven (O Corvo) e The Cash of Amontillado (O Barril de Amontilado) -, estando muito bem adaptadas às letras imaginosas, como a provar que literatura e música podem muito bem combinar-se para aumentar a estatura do prazer usufruível, por intermédio do incremento gestáltico de nossas experiências sinestésicas, experiências essas que, de outro modo, permaneceriam "estanques" ao que pudéssemos extrair, de cada vez, aos nossos "olhos ou ouvidos atentos".
Pena mesmo é que os sentidos do olfato e do paladar não tenham se juntado mais prontamente ao acervo cada vez mais sincrético das artes, ainda que, marginalmente, aqui ou ali, apareçam obras que os combinem maravilhosamente bem, para colocá-los em evidência.
A conjugar visão e audição, para produzir estímulos gustativos poderosos, mencionaria o filme A Festa de Babette, de Gabriel Axel (1987). Quanto ao impacto - positivo ou negativo - do olfato, quem poderia se esquecer de O Perfume, de Tom Tykwer (2006), com roteiro adaptado ao livro homônimo do escritor alemão Patrick Süskind, publicado em 1985 ?!
(JAR/HC)
Pena mesmo é que os sentidos do olfato e do paladar não tenham se juntado mais prontamente ao acervo cada vez mais sincrético das artes, ainda que, marginalmente, aqui ou ali, apareçam obras que os combinem maravilhosamente bem, para colocá-los em evidência.
A conjugar visão e audição, para produzir estímulos gustativos poderosos, mencionaria o filme A Festa de Babette, de Gabriel Axel (1987). Quanto ao impacto - positivo ou negativo - do olfato, quem poderia se esquecer de O Perfume, de Tom Tykwer (2006), com roteiro adaptado ao livro homônimo do escritor alemão Patrick Süskind, publicado em 1985 ?!
(JAR/HC)
Fora do tópico, super bowl na visão de grandes cineastas...
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=fHgJ0KLceLg