O Datafolha divulgou, recentemente, o resultado de mais uma pesquisa sobre as preferências clubísticas dos torcedores pátrios. A princípio, cumpre informar que o resultado está atrelado ao universo de torcedores com dezesseis (16) anos ou mais - como se não houve fãs do futebol com idade menor a essa ! -, atribuindo-se margem de erro, em relação aos números assim obtidos, de apenas 2%.
Foram entrevistados 11.258 torcedores na mencionada faixa etária, entre os dias 14 e 18/12/09, acarretando a obtenção dos seguintes percentuais, por renda e por nível de instrução:
Sublinhe-se, de início, que os números sob a cor azul foram obtidos a partir do total de torcedores entrevistados, classificados em cada faixa de renda ou grau de instrução, conforme se pode consultar no endereço eletrônico do próprio Datafolha, indicado ao final desta postagem.
Verifica-se, no que tange à distribuição associada à renda familiar, que os resultados alcançados, de certa forma, refletem a concentração de renda no seio da própria sociedada brasileira. Números do último PNAD (2008) evidenciam que 59,7% da população do país encontra-se na classe "E", vale dizer, exatamente aquela que aufere renda de até dois (2) salários mínimos. Eis a razão pela qual o Brasil apresenta um dos piores coeficientes de Gini do mundo - 0,544 (valor de 2008, divulgado em 2009) -, sendo que o valor 1,0 representaria concentração absoluta de renda.
De todo modo, o que se revela pelas tabelas acima ratifica o que foi amplamente noticiado pelo "Estadão" (vide endereço eletrônico nas referências), segundo o qual a torcida do Flamengo pertenceria, majoritariamente às classes de renda "D" e "E", à luz de pesquisa empreendida pela firma Crowe Horwath RCS. Com efeito, 45% da torcida rubronegra detém renda de até dois salários mínimos - e nenhum outro clube brasileiro de expressão possui, individualmente, percentual maior. No quesito "nível de instrução", o percentual não é menos expressivo, ou seja, 44% com escolaridade fundamental - embora haja quem o possua maior -, no caso o Internacional (51%) e o Vasco da Gama (45%).
Os números falam por si mesmos, o que não significa que não sejam passíveis de rearranjos, especulações ou críticas, haja vista que percentuais obtidos por alguns clubes ficam integralmente cobertos pela própria margem de erro da pesquisa, do que decorre ser contraproducente quaisquer inferências mais contundentes.
Outras conclusões que podem ser extraídas da pesquisa do Datafolha:
(i) o Flamengo é o time com maior torcida no universo pesquisado (19%), seguido pelo Corinthians (13%);
(ii) nas regiões Sudeste e Sul, entretanto, o Corinthians tem maior preferência que o clube carioca (19% a 15% no Sudeste; 10% a 7% no Sul);
(iii) Flamengo e Corinthians têm universo de fãs quase nulo em Porto Alegre (RS), onde Internacional (43%) e Grêmio (47%) dominam, seguidos pelos entrevistados que responderam não possuir atração por clube algum (8%);
(iv) Belo Horizonte é outra cidade em que a influência dos times de São Paulo e do Rio de Janeiro mostra-se menos acentuada, pois Cruzeiro (43%), Atlético-MG (30%) ou nenhum clube (19%) configuram a maioria das menções entre os pesquisados; e
(v) clubes paulistas têm baixa preferência na cidade do Rio de Janeiro e vice-versa, como era de se esperar.
(JAR/HC)
Referências:
Datafolha:
http://datafolha.folha.uol.com.br/po/tabelas.php?Tab_relatorio=936
Estadão:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091227/not_imp487321,0.php
O Globo:
http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Flamengo/0,,MUL1434675-9865,00-TORCIDAS+FLA+LIDERA+TAMBEM+RANKING+DE+ESCOLARIDADE+E+RENDA+FAMILIAR.html
Verifica-se, no que tange à distribuição associada à renda familiar, que os resultados alcançados, de certa forma, refletem a concentração de renda no seio da própria sociedada brasileira. Números do último PNAD (2008) evidenciam que 59,7% da população do país encontra-se na classe "E", vale dizer, exatamente aquela que aufere renda de até dois (2) salários mínimos. Eis a razão pela qual o Brasil apresenta um dos piores coeficientes de Gini do mundo - 0,544 (valor de 2008, divulgado em 2009) -, sendo que o valor 1,0 representaria concentração absoluta de renda.
De todo modo, o que se revela pelas tabelas acima ratifica o que foi amplamente noticiado pelo "Estadão" (vide endereço eletrônico nas referências), segundo o qual a torcida do Flamengo pertenceria, majoritariamente às classes de renda "D" e "E", à luz de pesquisa empreendida pela firma Crowe Horwath RCS. Com efeito, 45% da torcida rubronegra detém renda de até dois salários mínimos - e nenhum outro clube brasileiro de expressão possui, individualmente, percentual maior. No quesito "nível de instrução", o percentual não é menos expressivo, ou seja, 44% com escolaridade fundamental - embora haja quem o possua maior -, no caso o Internacional (51%) e o Vasco da Gama (45%).
Os números falam por si mesmos, o que não significa que não sejam passíveis de rearranjos, especulações ou críticas, haja vista que percentuais obtidos por alguns clubes ficam integralmente cobertos pela própria margem de erro da pesquisa, do que decorre ser contraproducente quaisquer inferências mais contundentes.
Outras conclusões que podem ser extraídas da pesquisa do Datafolha:
(i) o Flamengo é o time com maior torcida no universo pesquisado (19%), seguido pelo Corinthians (13%);
(ii) nas regiões Sudeste e Sul, entretanto, o Corinthians tem maior preferência que o clube carioca (19% a 15% no Sudeste; 10% a 7% no Sul);
(iii) Flamengo e Corinthians têm universo de fãs quase nulo em Porto Alegre (RS), onde Internacional (43%) e Grêmio (47%) dominam, seguidos pelos entrevistados que responderam não possuir atração por clube algum (8%);
(iv) Belo Horizonte é outra cidade em que a influência dos times de São Paulo e do Rio de Janeiro mostra-se menos acentuada, pois Cruzeiro (43%), Atlético-MG (30%) ou nenhum clube (19%) configuram a maioria das menções entre os pesquisados; e
(v) clubes paulistas têm baixa preferência na cidade do Rio de Janeiro e vice-versa, como era de se esperar.
(JAR/HC)
Referências:
Datafolha:
http://datafolha.folha.uol.com.br/po/tabelas.php?Tab_relatorio=936
Estadão:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091227/not_imp487321,0.php
O Globo:
http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Flamengo/0,,MUL1434675-9865,00-TORCIDAS+FLA+LIDERA+TAMBEM+RANKING+DE+ESCOLARIDADE+E+RENDA+FAMILIAR.html
Percentuais de São Paulo, Coringão e Palmeiras são muito parecidos, no critério renda. Desmente a tese de Coringão pobres, São Paulo elite.
ResponderExcluirNas faixas mais altas, Palmeiras é que se destaca.
Wilson,
ResponderExcluirDe fato, as notas que apresentas são pertinentes, e foram também observadas pela empresa Crowe Horwath RCS, em sua pesquisa a que referi no texto desta postagem.
Um abraço.
JAR/HC